Lembranças fazem com que as pessoas se emocionem vez
ou outra. Detalhes da infância, de seu crescimento, de acontecimentos
importantes em suas vidas. Também fazem parte dessas emoções os locais das
brincadeiras, dos primeiros passeios, as mudanças ocorridas na vizinhança, o
crescimento do local. Todas essas coisas fazem-me refletir sobre onde eu moro.
Tenho ótimas recordações daqui do Comum. Minha família vive aqui já faz alguns
anos e, por isso, o bem deste local é o que queremos.
A administração da cidade decidiu que aqui no Comum
estava faltando um Mercado. Tiraram da cabeça de algum jerico que a comunidade
estava carente de Mercado. Pois bem, há alguns meses começaram a obra.
Coincidência ou não, vésperas de uma eleição. O tal está prestes à ser
inaugurado. Localizado a beira de uma pista, perigosa por si só, é uma obra
barata, mal feita e trará mais mal do que algum tipo de benefício.
O espaço da construção passou muito tempo sem ser
utilizado, é verdade. Porém esperava-se que ali construir-se-ia uma praça
iluminada, com área para descansar, coversar. Uma quadra para os jovens
praticarem esportes. Poderia ter até uns quiosques para disponibilizar
refrescos, lanches, massas, menos bebidas alcoólicas. Mas não! Deu na telha de
algum sabichão que para o local, o melhor seria uma feira.
Qualquer pessoa conhece as dependências de uma
feira: o cheiro, a desorganização, o barulho, a falta de segurança. E colocar
em um local, que antes servia para momentos de lazer de alguns moradores que
jogavam um baralhinho ali, um Mercado é de extremo mau gosto e
irresponsabilidade. O Comum já sofre demais por ser distante da sede e não
possuir a vigília correta da polícia e agora teremos que conviver com um
ambiente impróprio e inseguro para a vizinhança.
A escola que existe ao lado do novo empreendimento
municipal será a mais prejudicada. Os alunos irão conviver com o mau cheiro e o
barulho que o Mercado irá proporcionar. A escola já está alugando parte da
vizinhança para poder acolher os alunos, pois o espaço é pequeno. Mas a
prefeitura decidiu fazer do terreno vazio ao lado uma feira. Se já estava ruim,
pior, com certeza ficou.
O Comum cresceu. Mas não foi por incentivo de nenhum
político. Seus moradores, pessoas trabalhadoras, dedicadas ao sustento de suas
famílias, impulsionaram o avanço do povoado. Os comerciantes tornaram-se
competitivos e isso fez com que melhorasse a vida das pessoas que moram aqui.
Hoje temos quase tudo o que precisamos. Lógico que falta muito e muito precisa
melhorar, mas com certeza não era de um Mercado que necessitávamos.
Gostaria muito que construíssem o Mercado em frente
à casa de quem teve essa péssima ideia. Quando houver bebedeiras, brigas,
confusões por ter sons de carros com volume altíssimos, todos lembraremos quem
os colocou lá.
Pintaram a fachada e inauguraram a “esmola”, jamais
nos esqueceremos.
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