Não te vê. Não
consegues enxergar quem és! Ao menos tu, sabes quem és? Não aparentas. És
apenas um instrumento e já te consideras a harmonia. Desafinas tentando
igualar-te aos que apreciam a boa música. Fere os ouvidos alheios e te acha
melodia. Enxerga-te!
Decifrar os
sustenidos não te faz compor. És desarmonia em pessoa. Não! Isso não te
diferencia do rebanho. Os seguidores reproduzem mal o que escutam, e assim tu
és. Teimas em tocar mais alto com esperança. Todos te escutam sim, mas só os
iguais a ti, a maioria. Por isso mesmo jamais deixarás de ser um mau tocador.
Engraçado que
todos se acham talentosos e creem que um dia serão descobertos e reconhecidos
pelo diferencial existente em si. Tu sonhas com isso, e o pior, ainda crer que
por pensar assim, torna-te diferente. Aplausos! Se te enxergas-te, agora, verias
um palhaço.
Antes de
direcionar-te a quem te supera, faças um esforço e ergas a cabeça. Verás que a
distância para seu desejo é enorme. Não estás lá. E por isso queres levantar o
nariz. No entanto, lá onde queres chegar, se anda de cabeças baixas.
Então,
enxerga-te! Aí, nos rastros, devem ter muitos caminhos. Siga-os! Quem sabe não
encontrarás a luz que tanto procuras. Ou a escuridão. Quem saberás? Talvez já
estejas cego. Ou surdo!