quarta-feira, 28 de setembro de 2022

As Eleições, as Emoções - Estoicismo e Cada um vivendo a sua vida!

 

As eleições estão chegando e aquilo que muito me agradava perdeu o valor: Discutir sobre política. E isso nada tem de relação com a política em si, na verdade, meu interesse aumentou pelo tema. O que me afasta é o mesmo que anda me afastando de muitas outras coisas cuja discussão perdeu o sentido. A razão disso se encontra em um limiar muito sensível e que a olho nu não se pode enxergar: Emoções.

Grita-se e divulga-se hoje uma ideia que aparentemente seria a salvação na vida de muitas pessoas, que se você controlar suas emoções o sucesso é garantido. É um conceito bem fácil de compreender, ainda mais para quem tem contato com a filosofia, a Estoica principalmente. Porém, apesar de entender, por em prática é o grande desafio. Reconhecer que está com raiva, alegre, triste ou entediado não é tão difícil e nem um empecilho para a realização de certas tarefas, no entanto, o que de mais complicado limita o indivíduo é reconhecer o momento certo em que aquelas emoções específicas que lhe fazem “errar” com frequência aparecem e identificar como, nesse momento, certos gatilhos são acionados e quais gatilhos.

Ninguém é imune às emoções, tão pouco não as sentem. Mas há quem consiga se proteger delas quando atingem pontos fracos que teimam em nos perseguir. Não é novidade que o marketing e a tecnologia evoluíram a tal ponto que com uma simples frase ou imagem que passe em seu feed de Instagram lhe direcione para um compra na internet, ou lhe faça sentir fome ou sede. Portanto, existem pessoas que ao verem uma Coca Cola gelada imediatamente compram uma para si, claramente influenciadas pela propaganda. Só que há também aqueles que mesmo sentindo vontade conseguem compreender que naquele momento aquele desejo é algo que não partiu de seu organismo, mas de fora dele. E se não existisse esse estímulo externo continuaria sua vida normalmente, pois beber ou não o refrigerante é um detalhe que não faz diferença. O que importa, nesse caso, é identificar aquilo que mexeu com seu emocional e tem poder de alterar seu comportamento. Detectar essas influências são de extrema importância para que o indivíduo consiga chegar o mais próximo possível daquilo que realmente é seu comportamento genuíno, e não o comportamento guiado por estímulos externos.

Se cada pessoa parar para pensar agora em toda sua trajetória e resultados que obteve durante sua vida, pode conseguir enxergar como determinados ambientes, cheiros, sons e até pessoas tiveram grande influência em tudo e perceber também o quão frágeis são a ponto de seguir caminhos que jamais seguiriam caso não houvesse essas influências. Portanto, não é difícil concluir que tudo o que pensamos tem relação direta com aquilo que nos influencia hoje, influenciou ontem e com certeza teremos mais influências que podem determinar nosso futuro. O que é no mínimo incômodo, pois corremos o risco de depender daquilo que não conseguimos controlar, portanto, estaríamos indo para um futuro sem direção e sentido. Mas se conseguirmos aos poucos reconhecer os momentos em que as emoções e aquilo que despertam essas emoções, aos poucos iremos conhecer melhor quem realmente somos e como seriam nossas ações genuínas nos dando assim o poder de dar direção e sentido para nossa vida, nosso futuro. Assumiríamos o controle.

É como se vestíssemos um conjunto de roupas que não foram escolhidas por nós mesmos. Ou como se enxergássemos o mundo através dos olhos alheios e não dos nossos. Como se nossos pensamentos fossem dirigidos por terceiros e nossas ideias e falas determinadas por outras pessoas. Assim somos nós durante nossa vivência e constantemente estamos trocando de roupas, de olhos ou de ideias, mas sempre dependendo de terceiros, sempre esperando alguém para nos dar a direção, pois nos tornamos cada vez mais sensíveis a estímulos externos, cada vez mais dominados por nossas emoções, cada vez mais frágeis e influenciáveis. Pode-se facilmente concluir que o que você sabe hoje, os conceitos e informações, é tudo questionável e perde o crédito quando tem-se essa consciência.  

Pessoalmente, notei o quanto isso é perceptível. Talvez por já ter identificado o meu limiar de influência, por saber perceber os momentos em que minhas emoções tentam tomar as rédeas. Com muito esforço consegui, através de leituras, mas principalmente através de treinos na corrida e na musculação. A percepção de que sua performance não melhorará em nada caso espere cair do céu uma ajuda, de que nada fora de seu corpo poderá lhe dar o que você quer, a compreensão que tudo dependerá de seu esforço, tudo isso veio com horas e horas de treino. Isso possibilitou também a percepção nas outras pessoas e o quanto são e continuarão vulneráveis. O mais incrível nisso tudo é que nada disso pode ou deve ser dito aos outros como conselho, pois deve-se respeitar cada tempo, cada momento e todo o contexto que o outro está inserido, além de respeitar, obviamente, a nossa própria vida, pois devemos seguir com as nossas escolhas sem tentar mandar ou influenciar a vida alheia. O exemplo deve falar por si só e basta, cada um cuidando da própria vida. Esse detalhe é importante para entender o motivo do afastamento de determinadas rodas sociais, de determinados encontros ou saídas. Simplesmente existe quem se descobre e sabe o que fazer com seu tempo e não deixa influências externas lhe dominar, pois deu um ponto final.

Quando chegam as eleições municipais ou nacionais a quantidade de gente tentando lhe dizer o que fazer triplica. E na maioria das vezes são as mesmas pessoas que não conseguem dar direção a própria vida e não satisfeitas querem tirar você de sua própria direção. Gosto de política, mas não gosto de pessoas me dizendo o que é melhor para mim principalmente se essas pessoas não sabem o que é melhor para elas. Então, o afastamento é natural, ocorre de forma instantânea, pois as direções não coincidem. O detalhe importante é que encontramos pessoas que já limparam suas lentes também e estão no mesmo caminho.  

Como diriam os estoicos, “para viver uma boa vida devemos focar naquilo que temos controle.” Porém, antes devemos saber o que nos controla e nos libertarmos. Para uma vida genuína é necessário coragem para se despir e mais coragem ainda para vestir as próprias calças.