As festas de fim
de ano chegaram. E elas mexem com o emocional das pessoas, de muita gente. Elas
mexem comigo. Mas não ao ponto de me transformar em santo, nem embaixador da
paz. Não me sinto obrigado a festejar, brindar, chorar etc. Sinto-me normal,
como se fosse qualquer dia. Nada me fará acreditar que alguma magia mude a
realidade do dia para noite. Por isso não me comovo, não me misturo e nem
acredito em votos de “alguéns”.
O período anual
é rotineiro, duro, amargo e real. Não há motivos para sonhos mirabolantes. Se
eu for acreditar em algo, prefiro prender-me ao dia a dia, às pessoas que me
cercam e aos meus objetivos. Minha vida resume-se a isso. Por que eu quereria
mais? Entretanto, por aí a fora, ninguém se contenta com os seus, querem por
força, por votos e desejos, que os outros também sejam como eles. O famoso
“todos iguais”. -Argh!
Há hipocrisia nas veias das pessoas. Aflora-se
essa falsa felicidade de uma forma tão absurda que, os dentes antes escondidos,
agora estão disponíveis cansando o músculo facial pouco treinado. O período
natalino não transcende sua essência.
Sabemos qual a
data que está sendo comemorada. Sabemos o que se passou para chegarmos até aqui. É
importante que se entenda o papel histórico do cristianismo para o ocidente; o
desenvolvimento da compaixão e da tolerância como fator moldador do crescimento
civilizatório da Europa, Américas... É importantíssimo que se respeite e que se
reconheça. Porém, não é isso que acontece.
As famílias não
promovem o respeito aos mais velhos; não plantam nas cabeças dos mais novos a
hierarquia; não ensinam boas maneiras aos filhos; não ensinam a importância da
escola, do professor. Está tudo acontecendo às claras, todos estão vendo - e
vivendo - os jovens usando drogas e dizendo não à educação.
O fim do ano
chega e temos que esquecer todo o resto por causa de um falso desejo de
felicidade. Todos se encontram, se abraçam, choram, se arrependem, fazem
promessas, mas no novo início cometem os mesmos erros, magoam novamente,
ofendem novamente, voltam a mentir, e para quê? Para a hipocrisia bater a porta
novamente no fim do novo-velho ano.
Prefiro a mesmice
e, de certo modo, o ostracismo. Recolher-me a mim transmite-me a sinceridade,
por mais que não me confie ainda a direção de minha vida. Ainda assim, sou mais
eu.
É lógico que
espero uma melhora naquilo que ruim está. É óbvio que entendo que pessoas carentes precisam de apoio, de sorte e de compaixão. Não desejo nada de ruim
a ninguém. Mas porque devo participar, falando, escrevendo, gritando. Não
preciso colocar uma placa luminosa na minha cabeça dizendo: Eu quero seu bem!
Desejo que as
pessoas entendam o sentido da palavra coerência, discernimento, respeito.
Desejo que a educação dos jovens seja priorizada, principalmente em minha
cidade. Meus votos são para que as pessoas aprendam a importância da sociedade
sem deixar de se preocupar consigo mesmo e civilizem-se. Creio que assim, as festas de final de
ano ficariam mais sinceras.