Cá está o
mundo. Assim tão cheio de sonhos. Sonhos nebulosos, aonde a realidade perde
horizontes. Mas não custa tanto sonhar. Nem sempre desejar é pecado. Mas
encarece sonhar tanto. Nem sempre desejar é benéfico. Em uma vida tão cheia de
decepções não dá para terceirizar o destino. Mas assumir o leme dá trabalho e
nem sempre o autocontrole será agradável. E quando será?
A engrenagem do tempo está a todo vapor.
Nenhum sistema, máquina alguma é tão eficaz. E ele passa, sempre com sua pontualidade
britânica. Correndo sempre atrás, está o ser humano. Quando perde a hora, vai
para a estação seguinte torcendo para que não esteja novamente atrasado.
Desatento, vulnerável e incrivelmente devagar. O tempo passa e, como já dissera
Zenão em seus paradoxos, o homem jamais o alcançará. Sempre à espera. É mais
fácil.
Cá está o
homem. Sonhando em demasia. Poluindo o mundo com névoa, ofuscando sua
realidade. Quanto prejuízo. O ócio
intoxica seu organismo e contamina seu meio. É radioativo. O brilho de longe
engana. Decepcionante essa escolha. O tempo não perdoa tanta negligência.
Velejar sem rumo em um mar de náufragos? Dê lugar a quem rema. Se afogue ou
lute. Quanto prejuízo!
Voltar no
tempo é suicídio. Só o futuro salvará o que se passou. Então o presente é mais
valioso. Respirar o ar de agora valorizará a vida. O ar de agora suprirá sufoco
do depois. Se existir. Assumir o leme trará luz que nasce em um horizonte logo
ali há muito não visto. Siga-o. Corra atrás do prejuízo.