Animais são
seres simples. Possuem naturalmente a capacidade de nunca complicar nada. Eles
fazem o que têm de fazer ou não fazem o que não têm que fazer. Agradam-me os
animais. Mais ainda, me agradam os cachorros. Também são inteligentes,
sociáveis e, se devidamente liderados, são obedientes. Mas nem sempre pensei
assim. Há poucos anos a insegurança com os cachorros ainda me incomodava. Tinha
muito medo e dificilmente me sentia tranquilo perto de um. Isso aos poucos foi
mudando.
Ainda criança
tive meus filhotes. Criei um vira-lata chamado Dog. Meu pai construiu uma
casinha de madeira para ele. Ele morreu novo devido uma virose, assim como sua
irmã que morreu ainda mais nova, dias após chegarem a minha casa. Meses depois
ganhei outro vira-lata, dessa vez uma cachorra, a Pink. Essa me acompanhou por
muito tempo. Meiga, carinhosa, protetora e calma ela viveu com minha família
por 7 anos até que certo dia ao amanhecer – eu já adolescente - estava morta.
Triste. Eu mesmo a enterrei. A Pink
ainda havia gerado muitos filhotinhos que também criei: Babalu e Bombom ainda
viveram conosco. O pai, Pumba, cachorro branco de olhos vivos, era o mais
ativo. A Bombom acabou morrendo ao ingerir veneno, provavelmente ação de algum
vizinho insatisfeito. A Babalu fugiu. Pulou, literalmente, do caminhão de
mudança. Um dos filhos de Babalu veio conosco, mas acabamos doando.
Tempos depois
também tive o Beethoven e o Spike, dois vira-latas grandes e espertos. Acabaram
morrendo atropelados em um dia chuvoso. Aproveitaram uma brecha no portão e,
como não tinham costume de rua, foram presas fáceis de um carro qualquer, os
dois, juntos, inseparáveis. Meu pai e eu ainda encontramos Beethoven vivo,
tratamos, mas não adiantou. Nos meses seguintes tive minha primeira experiência
com cachorros de porte grande, cujo pai era um Fila. Recebemos um casal, a
Sagua e o Spike. Mas viveram pouco tempo conosco. Os doamos por falta de tempo
para cuidarmos deles. Viraram belos e respeitados cachorros. Moram no mesmo
bairro que a gente.
Após alguns
meses, eis que surge a Polly. Uma cachorra magra, medrosa e desconfiada. Foi
difícil ganhar sua confiança. Vivia pelos cantos ou por debaixo das coisas.
Sempre com medo e mostrando os dentes para qualquer um que se aproximasse. A Polly
vive conosco até hoje e já possui 10 anos. Virou uma cachorra muito protetora
com todos da casa e com a casa. No entanto, com estranhos ela não alivia. Tem
três mordidas no histórico. Ela é pequenina, magra e muito educada. Limpa e
zelosa com o que tem. É ágil, sobe em muros, caça gatos, ratos, gafanhotos e o
que se mexer em sua frente. Apesar do todas essas qualidades o cuidado com ela
é triplicado.
Decidi então criar
um Pastor Alemão. Desafio e tanto! Fui a um petshop e encontrei uma cachorrinha
filhote de Pastor e a comprei. Apesar de alguns probleminhas com viroses e
carrapatos ela cresceu. Se chamava Kika e também teve inúmeros cuidados
especiais. Mas um Pastor não seria tão fácil de criar quanto a todos os outros
cachorros que já haviam passado por minha vida. Com pouco mais de 1 ano ela
adoeceu, agora de maneira irreversível, e não pude ajudá-la. Apesar de algumas
internações, infelizmente ela morreu e, assim como fiz com a Pink, a enterrei.
O fato de não poder ajudá-la mais me entristeceu e marcou muito.
Ainda quando
Kika era viva e saudável levei para casa uma bolinha de pelo, branquinha e sem
rabo. Uma cachorrinha, filha de Akita (pai) com vira-lata, rejeitada pela mãe
com pouco menos de um mês. Ela mal escutava, mas já dava sinais de sua personalidade:
Uma cachorrinha comilona, agitada e desobediente. Chama-se Barbie e se tornou
uma linda cachorra!
Há pouco mais
de um ano, ao transitar pelas ruas de minha cidade, avistei um casal de lindos
cachorros. Um macho imponente e uma fêmea tranquila passeavam calmamente.
Percebia-se que a fêmea estava parida. Havia muito leite em suas mamas. Um
casal de Rottweiler. Visitei os filhotes. Havia dois machos apenas e estavam
com pouco mais de um mês. Quando completaram quarenta e cinco dias escolhi um e
o levei para minha casa. Agora eu tinha um Rott. – Toda minha insegurança com cachorros, que trazia da infância, sumiu.
Com um rottweiler não havia espaço para isso - Cachorro dominante, calmo e
forte. Desde que chegou mostrou a que veio. Tudo que eu havia lido sobre a raça,
quando filhote, foi se mostrando sem rodeios. O chamei de Apolo. Meu Rott!
Apolo - Rottweiler
Desde então
minha rotina mudou. Minha casa mudou. Construí um canil e o trato como um amigo
inseparável, pois é assim que ele é hoje, com um ano e dois meses. Apolo impõe
respeito ao mais corajoso humano ou cão. Basta um olhar, um movimento de seu corpo.
Apolo é grandioso!
Há pouco mais
de um mês adquiri um Doberman. Mais uma raça desafiadora. - Do jeito que gosto - É uma fêmea,
marrom, a Mel. Cachorra calma, alegre, porém, bastante desconfiada. Lembra
muito a Polly quando chegou em casa. Irá completar três meses agora em junho e
logo após começarei o processo de socialização e obediência para, assim como
fiz com os outros, principalmente com meu Rott Apolo, mostrar logo quem é o
líder do bando.
Mel - Doberman - 1 mês e 15 dias
Tenho quatro
cachorros em casa: Polly, Barbie, Apolo e Mel. A Polly deu cria de Apolo em
fevereiro de 6 filhotes. Morreu um e doei todos os outros. A Barbie está
amamentando 9 filhotinhos hoje, também do Apolo. Pretendo doar todos.
Filhotes Barbie - 27 dias
Filhotes Barbie - 5 dias
Finalmente
encontrei um equilíbrio para fazer o que gosto: Criar cachorros. Apesar de
querer mais um, pretendo parar nos quatro. Mas...
Os animais
são simples. Os cachorros são excelentes companhias. Eles não querem nada além
de sua lealdade. Fazem o que devem fazer e pronto. Me ajudam com grandes lições
todos os dias.
Barbie - 2 anos
Filhote Barbie - Fêmea
Polly com 9 anos
Apolo com 9 meses