domingo, 27 de maio de 2012

Kika, a nossa princesa!


Durante a manhã de um sábado, há exatos dezesseis dias, a encontramos. Dormindo, em uma gaiolinha de pet shop. Ela nos pareceu ele. Pelos negros e brilhosos, pequenina e fofinha, nos conquistou. Ali, nascia um sentimento muito bonito. Encontramos nossa parceira!


Durante o almoço, Clicia e eu estávamos bastante ansiosos. Até o nome já havia sido escolhido: Órion, caso fosse um macho. Mas o destino nos pregou uma surpresa. Ao sairmos da casa de Dona Eliana apreensivos, pois achávamos que não a encontraríamos mais, não esperávamos que se tratava de uma fêmea, aquela cachorrinha.  A cada rua que era dobrada, a ansiedade aumentava. Queríamos muito aquela pequenina! 

A viagem de visita à casa de minha sogra, acabou por nos presentear. Ali, na hora da volta para casa, compramos nossa Kika. A cachorrinha mais linda do mundo era nossa. Carinho e cuidado foram prometidos a ela e estamos cumprindo o combinado. Noites mal dormidas, sujeiras a toda hora e um barulhinho exagerado às vezes, não nos incomoda. Seu olhar, sua lambida, suas mordidinhas, seu jeito de beber, comer, caminhar, de deitar, de correr, latir, enfim, isso é que nos faz apaixonar mais por nossa amiguinha Kika.

Uma fêmea da raça Pastor Alemão, capa preta, que chegou em sua casa com 4 kg, completa hoje 2 meses e já está com 5, 5 kg. Essa é a Kika a nossa princesa!

sábado, 12 de maio de 2012

Amor de Mãe. / Última Parte


Minha mãe, minha mãe...
Aos nove anos de idade precisei acostumar-me a não ter minha mãe ao meu lado todos os dias. Como já havia dito nos textos anteriores, minha mãe precisou trabalhar em outro estado, enquanto eu e minhas irmãs estudávamos no Piauí. Para quem era tão protegido, foi ruim.  E não me acostumei. Passei por essa época de uma maneira superficial, e não consegui me sair bem.
O trabalho de minha mãe era aqui em Tutoia, e eu e minhas irmãs morávamos em Parnaíba. Meu pai, de quinze e quinze dias, nos presenteava com sua presença. Já minha mãe, todo fim de semana. Às vezes ela chegava sexta-feira, às vezes sábado. Lembro-me bem de que toda sexta, eu saia meia hora mais cedo da escola, e me apressava no caminho de volta. A minha esperança era de avistá-la de longe, caminhando. Ela sempre me acenava e eu corria.
Durante todo o fim de semana eu era feliz. Tudo voltava ao normal. Era minha mãe, a dona da casa, e ela estava ali, do meu lado. Dormia perto dela, lógico. Armava uma rede por cima de sua cama, e sempre antes de dormir, pedia sua benção e a pedia também para rezar por mim. Ela me abençoava e dizia: - É claro que eu rezo meu filho! Mas ela não entendia. Eu, com preguiça de rezar, pedia-lhe que sua reza substituísse a minha, para eu dormir logo. Engraçado! Acho que durante a semana, quando ela não estava por perto, eu demorava a dormir, rezando. Quando minha mãe chegava sexta, eu tinha garantido duas noites tranquilas.
Domingo pela manhã era divertido. Mamãe dava uma geral em casa. Limpava, lavava, organizava tudo. Preparava um almoço daqueles que só mãe prepara mesmo. Depois do almoço, nem descansava direito. Sua bolsa de viagem, em cima da cama, já esperava arrumada a hora da viagem. Por volta das três da tarde saíamos, eu, minhas irmãs e mamãe. Conversando, ouvindo os conselhos para a semana. Recomendações de segurança, estudos e cuidados uns com os outros. Ela sempre nos lembrava o que fazer até o momento de entrar no ônibus.
Sua mão para fora do ônibus acenava pela janela. Seu rosto sorrindo por trás do vidro era a imagem que ficava em minha mente até a próxima sexta, ou sábado. Percebia a tristeza em seus olhos por nos deixar. Mas era necessário. O ônibus acelerava. Mas eu não aguentava e corria. Corria atrás do ônibus dando tchau, mandando beijos, de dizendo: “- Tchau mãe!”
Eu cresci. Hoje moro muito perto de minha mãe. Talvez por conta do tempo que passamos separados ainda não tenha me dado conta do prazer em tê-la sempre comigo. Mas me orgulho de saber que passamos por tudo isso e ainda somos “parceiros”. Sei que no fundo ela sempre me entendeu. Assim como no fundo eu sempre a entendo. Minha mãe é tudo para mim. Meu peito sabe o quanto ela é importante para minha vida.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Amor de Mãe / Parte 4


Minha mãe, meu escudo...
Como já havia dito em Amor de Mãe parte 1 e 2, o cuidado de minha mãe por seus filhos era exagerado. Era difícil acontecer alguma coisa comigo, por que ela dava um jeito de prever tudo, até o que não ia acontecer. Minha mãe leva muito a sério aquela história que diz: A melhor segurança é a prevenção!
 
Em certo momento de minha vida, e esse foi difícil, tive que morar apenas com minhas irmãs em uma casa e em uma cidade, até então, desconhecida por mim. Por motivos de necessidade, meus pais precisavam trabalhar aqui em Tutoia em quanto eu e minhas irmãs morávamos em Parnaíba-PI. Eu tinha uns 11 anos, acho, e estudava em uma escola bem perto de minha casa. Se eu caminhasse dois quarteirões para frente, dobrasse a esquerda, caminhasse mais um quarteirão, logo chegava a minha escola. 

Por mais perto que parecesse, para chegar a esse colégio o percurso era demorado. As recomendações de minha mãe para que eu chegasse seguro na escola eram sistemáticas. “- Caminhe sempre pela calçada. Vá sempre muito atento e se acontecer qualquer coisa, grite, corra, ligue para alguém, entre na casa de alguém etc.” Ela dizia sempre essas coisinhas simples. Por mais normal que parecesse o caminho eu o temia. Ainda mais que para percorrê-lo, com tranquilidade, eu precisava cumprir com a parte mais difícil das ordens de minha mãezinha: Ela copiara o Salmo 90 em minha agenda escolar. Um pequeno salmo que ocupava mais ou menos uma folha inteira. Ela dizia: “-Leia esse salmo todos os dias antes chegar à escola. Leia ele no caminho, sempre!” Assim eu o fazia.

Com a mochila nas costas e um pouco desconfiado, sempre lembrava: “- Preciso caminhar por aqui; preciso ficar atento; preciso ler essa reza antes de chegar ao colégio.” Lógico que, depois de um tempo, o salmo já estava decorado por completo. O problema é que no começo, para ler aquelas expressões difíceis e no caminho da escola, era complicado. Mamãe falou claramente: “- Leia-o no caminho, antes de chegar!” Mas quanto mais eu caminhava mais perto ficava da escola. Aquele salmo é gigante! Enfim, quando eu chegava, na maioria das vezes, ainda estava no meio do salmo, não conseguia terminá-lo assim tão fácil. Logo, pensava: “- E agora? Termino de ler, ou deixo para completar no percurso da volta? Se não terminá-lo acontecerá alguma coisa comigo? Concentrado eu entrava correndo na escola para poder terminar logo o salmo. Ai de mim se não o fizesse!

Eu era um pouco nervoso sim, medroso e meio abestalhado também, talvez pelo excesso de cuidados de minha mãe. Mas vale ressaltar que nunca aconteceu nada demais comigo. Nunca passei por situações extremas quando criança. Nunca quebrei um osso se quer de meu corpo. Era uma criança normal e me tornei um adulto normal. Fui muito bem criado e educado pelos meus pais. Eles tinham – ainda têm - muito zelo por seus filhos. Minha mãe fez e faz muita questão disso.

Detalhe importante: Aos seis anos senti-me mal e diagnosticaram que eu estava com hepatite. O médico me deu um mês de repouso. Mas com minha mãe do meu lado e cuidando de mim, em duas semanas eu estava completamente curado. Ela sabe o que faz!
Minha mãe, meu escudo...

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Amor de Mãe / Parte 3


Minha mãe, minha patroa...
A hora de dormir lá em casa sempre era muito levada a sério. Nem eu nem minhas irmãs dormíamos tarde em nenhuma situação. Cedinho tínhamos que acordar para irmos para escola e precisávamos estar dispostos logo pela manhã. Lembro-me ainda de como era nossa rotina. Entre novelas, jornal e um delicioso café com pão – também tinha uma sopinha muito boa – tudo era preparado para a hora de dormir.

Já no fim da tarde, recordo-me, depois de meu pai fechar o comércio, começava a me preparar para tomar um cafezinho com pão com manteiga. Aquele pão quentinho era sagrado naquela hora, assim como o café com leite. Eu tinha de cinco para seis anos e gostava muito daquele início de noite. Normalmente as tarefas da escola, naquele horário, já estavam terminadas. Quando não, terminávamos depois da janta. 

Certo dia, depois do fim da tarde, eu fui com muita fome aos pães, literalmente. Queria porque queria, comer mais de um pão e arrumei uma pequena confusão. Não me lembro bem se foi com a Gisa ou com a Gabi, mas sei que a discussão entre irmãos tava esquentando. - Eu quero comer mais um pão! Eu dizia. E se eu não me engano, o pão já tinha dono. Mamãe, ouvindo – suportando – aquilo tudo tomou um decisão: - Menino, tu queres pão? Pois tá aqui! Come esses pães todos. Come e não reclama! A sacola tinha uns seis pães. Eu até gostei no começo, mas depois do primeiro pão já não descia mais nenhum. Mas eu tinha que tentar, ou apanhava!

Teimoso, porém admiti que estivesse errado. Eu mal comia um pão todo – naquela época! - não ia ser dessa vez que eu iria comer mais que isso. Era só birra! E claro que minha mãe sabia, ela me conhecia. Mãe é mãe! Depois me mandou para o banho. E quando deu o horário de deitar – quando terminava o jornal – tinha que ir para cama, com sono ou não. 

É bom lembrar o perfume de minha mãe antes de dormir. A benção que eu recebia (e ainda recebo!). O beijo de boa noite e o conselho de uma boa reza. A farda da escola já dobrada no sofá, a mochila prontinha para a aula do dia seguinte. Tudo muito organizado. Minha mãe não falha!
Minha mãe, minha patroa...


quarta-feira, 9 de maio de 2012

Amor de Mãe / Parte 2


Minha mãe, minha heroína...
Quando criança o medo por cachorros sempre foi um problema para mim e minhas irmãs. E eu, bem novinho, com quatro anos apenas, tinha pavor de qualquer tipo de cão. Eu sempre fui muito bem protegido por minha mãe. Nada chegava perto de mim se ela não permitisse, e eu me confiava nisso. Mas, ainda assim eu me aventurava pela porta de casa. Gostava de brincar, correr, jogar bola, empinar pipa. Era desse jeito que se brincava em minha vizinhança. Porém, alguns alertas estavam fixados em minha mente. 

O medo por cachorros, como eu já disse, era anormal. Então, eu sabia os perigos que eu podia correr andando sozinho por aí. A vizinha do lado adorava cachorros. Ela tinha dois, uma fêmea e um macho. Seus cães não eram grandes, porém eram valentes. Ambos latiam muito e isso me dava calafrios. Bastava passar pela calçada em frente ao portão da casa que já começavam os latidos eufóricos. O pavor tomava conta de mim.

Todos os dias, ao tirar seu carro da garagem, a vizinha deixava escapar um, ou os dois cachorros. Eles faziam a festa na rua: latiam com qualquer um que passava. Duravam sempre alguns segundos, mas o suficiente para amedrontar a mim e a minhas irmãs, de tal modo que nos faziam entrar em casa o mais rápido possível. E como já isso era de praxe, conhecíamos bem o som que o portão da vizinha fazia ao ser aberto. E ao ouvir aquele barulho, pronto, o desespero tomava de conta. “– Tuca, volta já pra casa!” Gritava a vizinha com sua cachorra.

Lembro-me bem de uma manhã em que a área em frente minha casa estava repleta de lençóis e roupas no varal, para secar. Minha mãe usava uma camisa amarela, que estava um pouco molhada na barriga, por conta da lavagem das roupas. Em um segundo que passei pela área e fui à rua, em frente casa me desconcentrei e o pior aconteceu: ouvi aquele barulho; o portão havia sido aberto! Em seguida outro barulho; a vizinha gritou o que eu não desejava jamais que ela gritasse: “-Tuca, pode já voltar!” 

Como por extinto, olhei para trás a fim de saber o nível do perigo. E em uma fração de segundos pude ouvir o som das unhas da cachorra batendo no asfalto. Era ela, a Tuca, e vinha em minha direção. Parecia que o mundo havia parado de girar. Mas eu não! Fiquei correndo em círculos, e a cachorra atrás de mim, latindo, babando. E eu correndo, girando. Dei uma volta, duas voltas, três voltas, e a cada volta soltava um berro: "-Mãããe! Mamãããe! ÊÊÊÊi mãããããe!" Até que em umas das voltas fiquei de frente para o portão de minha casa. E quase como um foguete, disparei para dentro de casa.

Ao entrar eu vi, entre aqueles lençóis secando, minha heroína. Minha mãe que, ao ouvir meus gritos de socorro, correu em minha direção. “– O que foi meu filho? O que foi?” E eu a abracei. Ela me acalmou. E em seus braços voltei a me sentir seguro. Aquela imagem nunca saiu de minha cabeça. Nem a imagem nem o abraço. Nem o abraço nem aquele sentimento de segurança.
Minha mãe, minha heroína...

terça-feira, 8 de maio de 2012

Amor de mãe / Parte 1

              Minha mãe, minha rainha...

Era algumas horas de uma manhã ensolarada. As férias estavam prestes a começar e a ansiedade tomava conta de minha pessoa. Aos cinco anos, brincar era a melhor opção para todos os dias, então eu não via a hora de estar de férias. Alguns de meus colegas, que estudavam em escolas diferentes já estavam de folga e brincavam naquela manhã a vontade. E vendo a molecada se divertindo, aquilo era o que eu também queria. Porém, minha mãe disse: "- Não! Você ainda não está de férias. "E eu engoli seco e obedeci. 

Horas mais tarde mamãe precisou sair e me deixar aos cuidados de minha “governanta”. Ali, eu já sabia o que iria fazer. Ao ver minha mãezinha se distanciando de casa e dobrando a rua não pensei duas vezes: Corri! Fui para casa de um vizinho onde estavam meus colegas, e brinquei. Sem me dar conta do perigo, não percebi minha mãe voltar e ouvi apenas um grito: "- Jooooota. Onde tu estás? Vem já pra casa! "Meu coração disparou, entendi o perigo e “voei” para casa. No meio do caminho quem eu encontro? "– Menino, eu num te disse que não era para sair de casa?" Disse mamãe, zangada, com o chinelo na mão!

Com o coração na goela ao ver minha mãe com aquele chinelo tão de perto, pensei: "- Eu não devia ter saído, agora vou apanhar!" E em um momento de desespero, sabendo que uma chinelada no bumbum, daquelas que sempre raspava parte da cintura e das pernas, doía muito e me fazia chorar, fiz algo que nunca esqueci. Até hoje me lembro perfeitamente de como aconteceu. Eu levantei a mão direita, deixando a palma para cima, torcendo para que se viesse a chinelada, que fosse ali, num espaço pequeno de meu corpo e que machucava menos. E com a mão erguida, apreensivo, pronto para receber o castigo, eu respirei fundo e o que eu senti foi apenas um alívio.

Na hora em que tudo aconteceu, estava passando uma vizinha que morava mais para cima da rua em que morávamos. Essa vizinha sempre gostou de mim e quando viu a cena em que eu estava com cara de culpado, com medo e com a mão erguida em posição de rendição, ela sorriu e disse: "- Ô, olha a carinha dele Rita..." E até minha mãe achou graça. Escapei da taca.

Recebi um beijinho de minha mãe que pensou bem e apenas conversou comigo. Por ter sido uma falta não tão grave, passei por essa praticamente ileso. Foi mais uma das lições que aprendi com minha Mãe. Ela dizia: Não adianta você mentir, a mãe sempre sabe! E eu quando era pego, como no caso acima, temia e evitava cada vez mais desapontá-la!
Minha mãe, minha rainha... 

segunda-feira, 7 de maio de 2012

O vício da queda e a ilusão da subida



Tu buscas o alto, mas não respeitas a grandeza. Buscas a batalha, mas não consegues conviver com a vitória. De que adianta ensinar se não te capacitaste a aprender? Após levantares o voo, cair não pode ser uma opção, um risco talvez, mas deves obrigar-te no mínimo a planar. 

Acaba com desejos tristes de desistência, uma pequena jornada. Buscando ascender, e já indo, olha para baixo e tremes! Descer parece mais que uma chance, engana-te ao ponto de esconder tuas forças só para descender. Sentir o vento lutando em segurar-te no alto ludibria-te servindo de catapulta para fuga. Em breve despertarás o fogo da vitória e, com a queda perto do fim, encontrarás cobiça pelo topo novamente.

Tempo perdido? Talvez! Mas em breve estarás convicto de que sem o prazer da queda não saberás mais viver. O vício da fraqueza inunda o espaço aparentemente limpo. Sujo, contaminado, sente-te normal, comum, como o resto de ti espera. E tu, dormente, tens a fé da igualdade! Tu encarnas o espírito social e esquece-te de ti. - É a queda! Solto, desabando, te sentes resistindo, teus princípios te asseguram que não cairás, não és como o resto. Não és? - É o vento lutando! Igual? Não! Sabes que não podes o ser! Sabes que existe uma concha – residência - anulando contatos externos e até um feixe de luz, casa à dentro, é contagioso. 

Como subir novamente? Desencarnando o que te empurra! Mas é isso o que queres? Claro! Mas não consegues. És fraco e desiste. Passas a vida caindo, acreditando em um dia voltar a subir. Mas é apenas um sonho. Buscas o alto? Ou simplesmente deseja-o? Tua condição minúscula te faz acreditar ser igual, comum, mas tudo não passa de desistência, de falta de resistência. Preferes nomear tua fraqueza como bondade. Hipócrita! Adoras desabar, mas só quando convém, inclina-te e mira o topo.  - Ilusão!