quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Querer não é poder! – Ou, Aceitem o fato de o Brasil ainda permanecer no século retrasado.


Já há alguns anos ouvimos falar em certa “aprovação de governo”, o que acarreta a uma popularidade invejável de alguns políticos. Fala-se em ex-presidente, atuais governadores, deputados e até prefeitos da redondeza. Mas nunca na história desse país ouvimos falar em uma aprovação tão alta como a da atual presidente Dilma. O que já era confuso ficou mais ainda para alguns brasileiros mais preocupados com detalhes e menos com paixões. Olhem para os lados, vejam o que os rodeia e se perguntem: O que leva os brasileiros a se acharem satisfeitos sem terem motivos, ou quase não terem, para isso? Será a aparente notícia de o país ser a 6º maior economia do mundo? Ou todas as propagandas do governo federal feitas em todos os canais de televisão com a intenção de ludibriar a opinião das pessoas?
Péssima formação de professores e, conseqüentemente uma horrenda educação oferecida pelo governo; Infraestrutura de qualidade mínima: estradas esburacadas; grandes cidades entupidas por não possuírem um trabalho de urbanização adequado; aeroportos sem condições de receber um número alto de gente; Cidades que, em pleno século XXI (século vinte e um – para quem não sabe.) ainda não possuem sistema de esgoto e o pior, sem água encanada, muito menos tratada (a maioria da população dessas cidades ainda não sabe nem se isso é necessário); E enquanto em algumas cidades a falta de água é um problema, em outras a população morre afogada em pleno centro. Ainda existe o fato de que o país que se diz democrático é chefiado por inúmeros tiranos disfarçados de “companheiros do povo”, logo por serem escolhidos pelo próprio povo (sabidos são aqueles que sabem escolher). Bom, uma pequena lista de motivos para não crer que o Brasil é um país merecedor do título de um país rico é o suficiente para deixar vocês, nacionalistas ufanos, com raiva. Mas não se precipitem, tem muito mais.
Um dos maiores orgulhos da maioria dos brasileiros hoje, uns por receberem muito bem notícias que os enganam e outros pelo simples fato de se sentirem mais gente quando acreditam em algo ilusório, só por conta de sua autoestima e de seu conforto, é a conquista do lugar de sexta maior economia do mundo, ainda mais por estar na frente da Inglaterra. O que não se sabe, nem se ouve em comentários desses brasileiros é o fato de que para eles atingirem o nível de vida dos ingleses, seria necessário um crescimento acima do de hoje, de nossa economia, e ainda esperar 40 anos. Portanto, é de extrema necessidade que se caia na real e aceite o fato de que só se acredita nesses contos de fada por motivos de satisfações individuais. Orgulho de ser brasileiro? Difícil crer que quem vive acreditando em ladainha possa ostentar indícios de possuir orgulho. De ser brasileiro sim, isso é óbvio, mas de ter orgulho? Não, isso não!    
Querer por força fazer de uma idéia realidade não é possível. Querer não é poder! Ser otimista demais furta da consciência o motivo pelo qual nos diferenciamos dos outros animais: o raciocínio.   

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

O Brasil na lanterna!


Qual o motivo das escolas aprovarem um aluno que não atingiu a média anual?

Já há algum tempo escuta-se falar de uma nova potência, de um país que emergiu e transformou-se em referência para outras nações cujos olhos já miram o seu desempenho. Nada de extraordinário, apenas conseqüência de uma dedicação e disciplina invejáveis. A China, hoje, ensina para o mundo o caminho para o tão desejado e, no caso do Brasil, necessitado sucesso. O segredo? Tirem um tempinho, aquele do bê-bê-bê, e informem-se sobre como funcionam as escolas chinesas e saberão.

Mais de dez horas diárias de estudo, incluindo fins de semana; salas de aula repletas de alunos, comportados e concentrados, sentados todos em filas; um professor (sua voz é a única que se escuta) de frente para a turma ensinando de verdade. Os alunos não se preocupam com outra coisa a não ser aprender. E os professores só têm que saber o que estão ensinando e repassar. Em casa, as crianças têm que estudar, aos pais não interessa outro assunto, não importa a renda da família. As crianças têm a obrigação de tirar apenas notas excelentes. O melhor de tudo? As crianças são normais. Não sofrem bulling, não viram zumbis, apenas são crianças que se preocupam também com seu futuro. Resultado: Elas sobrevivem; estão produzindo tecnologia e o mais admirável: Xangai, província chinesa, tirou o primeiro lugar em todas as áreas aferidas (matemática, ciências e leitura) no mais importante teste internacional de qualidade educacional, chamado Pisa. 

Aqui, no nosso tão amado Brasil, um país emergente, de uma economia invejável (é o que dizem e no que a maioria acredita) as escolas se esforçam para conseguir professores para todas as disciplinas do ano letivo. Os alunos vivem no limite. Mas é no limite de faltas e notas. Se a média mensal, bimestral e anual é 7, esse é o principal objetivo: atingir a média (à força). E quando não alcançam? Não tem problema. O país, os estados, as cidades, os municípios se mobilizam e se esforçam para dar uma mãozinha e aprovar o aluno. Quanta diferença! Em quanto um país que se transformou em potência, prima pela excelência das suas crianças, o outro que se diz potência (só diz porque tem quem acredite) anda pelo caminho oposto. Alunos que não alcançam a média exigida seguem normalmente para o próximo ano letivo, sabendo sabe-se lá o quê. O Brasil no ranking? Sempre na rabeira - lanterna se preferirem.

Bom, é triste desanimá-los caros ufanos nacionalistas, mas sabem quando o Brasil que vocês tanto elogiam vai ser uma potência econômica? Só quando os professores realmente ensinarem – os gestores com suas comissões avaliadoras não desfizerem o que os professores registraram durante o ano – e os alunos  realmente se dedicarem aos estudos. E os pais dessas crianças entenderem que só estudando se alcança o sucesso (sem traumas!). Não é pedindo nada a ninguém, não é dependendo governos e sim batalhando, lutando para mudar o que hoje lhe incomoda. Enquanto o Brasil não deixar de ser fresco, não vai virar “gente” grande.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Eu sitiado!


Estou sentado em minha sala tentando trabalhar. Não que não possa, mas é que não consigo. Minha amada mãe resolveu arrumar a sala, logo esta. Convocou uma ajudante e está aqui, agora, falando, ordenando, (acabou de cair meu grampeador) tirando uns livros de um lado colocando no outro. Estou aqui sentado, escrevendo e imaginando eu mesmo me vendo por um ângulo acima de minha sala. Eu, no meio, minha mãe, sua ajudante e agora minha esposa ao meu redor transitando com livros, caixas e mais livros, falando, rasgando papéis, pedindo, mandando... Elas ainda teimam em falar comigo, já eu, apenas balanço a cabeça ou para cima e para baixo querendo dizer que sim, ou de um lado para o outro querendo dizer não. Até que é interessante observá-las mexendo os lábios, sem saber que sons saem deles. O mais legal é saber que estou vendo agora todas olhando para mim e parecem que estar perguntando algo. Mas não tem problema, já balancei minha cabeça: - Devem ter entendido!

Fico me perguntando como minha opinião influencia em suas ações. Elas, as mulheres de minha vida, direcionam suas falas interrogativas para mim com um ar de boa intenção, querendo aceitar minha resposta, seja ela qual for. Mas é só o ar que é de boa intenção mesmo. Quando a pergunta é feita para mim, elas já têm em mente o que vão fazer, independentemente do que eu disser. Por tanto, minha opinião não serve. É como se elas achassem que eu me contentasse apenas em saber que elas se importam com o que eu acho. Se minha opinião for diferente da delas, já viu! As explicações sobre a coisa certa ser apenas a delas veem como um reflexo. E ainda explicam já agindo, fazendo o que estavam planejando, passando por cima de tudo, e ainda ficam com raiva, soltando aquela voz autoritária que tanto me faz medo. Como estou com medo agora! Sentado eu estava quando todas entraram aqui como um furacão, e sentado ainda estou, agora que saíram. A sala está diferente. Mas eu não. Estou ansioso, com medo Ainda estou escutando as suas vozes, agora a voz de minha irmã está mais próxima, e isso quer dizer que estão todas chegando ao mesmo tempo. Como eu já disse: - Estou com medo! Será que vão querer me perguntar alguma coisa?

É um sentimento de incapacidade. Sinto-me também cercado, ilhado, sitiado em minha própria cabeça (que está doendo). Eu poderia levantar e fechar a porta, na chave, mas corre o risco de todas entrarem e não me deixarem sentar mais. - (Minha irmã entrou aqui, falou, perguntou algo e saiu, foi rápido, mas o suficiente para me coração disparar. Ela já disse que iria colocar outra coisa na sala. Por que elas ainda entram aqui? O que elas querem? Será que o que penso realmente importa?) – Voltando – Não posso sair daqui, não consigo sair! Escuto vozes por todos os lados.  

  Dentre tantos dias de um mês, existe um dia como hoje, em que eu me pergunto várias coisas sobre minha convivência em meu trabalho. Todos os dias são parecidos, com as mesmas ocasiões, as mesmas perguntas, mas em dias como hoje, realmente, fico espantado. Como consigo passar por esses outros dias sem perceber tudo isso? E por qual motivo tem sempre um dia em que não dá para ignorar? 

(Minha mãe entrou aqui, está trazendo mais uma mesa, está carregando mais livros. Minha irmã chegou, olhou para mim, abriu um armário, olhou para mim novamente e disse: - Não gostei desse armário aqui na frente. Agora minha esposa pergunta o motivo de eu não estar preparando minha aula. Eu sei a resposta para essa pergunta, mas não me atrevo responder.)
 Hoje é dia 17 de janeiro de 2012, terça-feira, e são exatamente 16h18min.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Queres suco de limão? - Ou, E quando a máscara cair?



Nada melhor que um bom suco de limão. De um limão maduro, cheio de água azeda. Misturado com açúcar e muita água gelada é um belo refresco nas manhãs mais ensolaradas. Porém, deste limão, para beber seu suco, necessita-se de coragem e resistência. No meu quintal existe um pé de limão: - Um dos melhores que já vi! Conhecidos já por muitos da família e por visitantes da cidade. Até quem não é da cidade já o conhece. Não é um limoeiro qualquer. É uma árvore baixa, já de idade e diminuída com algumas podas. Ainda assim, seus frutos são suculentos, volumosos e em todas as épocas do ano nos presenteiam em demasia. Por isso a fama. Compre um limãozinho no mercado, no supermercado, na feira e o compare com os limões lá de casa e verá a diferença. É de se admirar mesmo!

No entanto, reflito sobre essa situação em diferentes aspectos - como já é de costume. Vejo as pessoas que se interessam pelo famoso fruto cítrico de minha propriedade. Uma vara comprida é o instrumento mais usado na prática dos apanhadores informais deste limoeiro. Uma vara? Pois se o limoeiro, com já foi dito, é baixo, para que utilizar uma vara para apanhar os limões? – Não meus amigos, as pessoas não são menores do que de costume! O que acontece é que esse pé de limão tem inúmeros espinhos afiadíssimos que, devido a sua coloração, se confundem com as folhas dos galhos que, logo, confundem os apanhadores. Qualquer mão que se atreva a encará-los não escapa de um encontro doloroso. Então, uma vara é o que chamamos de um “apanhador ideal” de limões.

Vejamos: - As pessoas adoram os limões e seus refrescantes sucos, mas não enfrentam os poderosos espinhos de sua árvore para apanhá-los.

Enxergo nessa situação duas características comuns entre as pessoas de meu convívio e outras por aí a fora: 

1.            Existe um enorme desejo de todos por uma suposta felicidade, por uma vida boa, sem sofrimentos, sem dores, sem diferenças. As pessoas sonham diariamente com o paraíso, desejam o paraíso. Esse desejo, um otimismo exagerado, teoricamente se transforma em ação as levando em busca de suas satisfações. Mas essa ação de busca não inclui enfrentamentos, barreiras e dificuldades. Por que esse otimismo as confunde. Devido ao grande cuidado e mimos existentes na educação dos seres humanos nos dias de hoje, ninguém mais se sente confortável quando precisa enfrentar certas dificuldades. Preferem evitar o confronto, pois foram ensinadas, induzidas, protegidas demais para encarar qualquer desafio. Aí vem a pergunta: Que seres humanos estão sendo criados? 

2.            Dentro desse desejo por uma vida perfeita, o otimismo reina na mente das pessoas. Ser otimista ajuda a minimizar os problemas? Serve como anestesia para a dor? Transforma tudo o que é “ruim” em bondade? Se sim, alguma coisa está errada! Essas questões que estão sendo levantadas ajudam a refletir em que quantidade o ser humano se engana. É a mesma coisa que colocar uma máscara de anjo em um capetinha! Você pode até passar a acreditar no que deseja acreditar – otimismo -, mas isso não te livra de encarar a realidade. Uma hora ou outra a máscara cai! E aí, estará preparado?

Contudo, creio na força de algumas mãos arranhadas pelos espinhos de meu pé de limão. Com esses arranhões, um por um, faço-me lembrar o quanto dói ser machucado por eles, mas também sei que não morrerei caso o aconteça. Encarar desafios, problemas, suportar as dores, as dificuldades, é normal. O homem só será homem quando aprender a viver com essas dores - as suas - necessárias de um percurso saudável que o leve ao sucesso (como sempre foi na história da humanidade). Pois só obtém sucesso aquele que, antes da luta, sabendo das dificuldades, sendo pessimista, encara suas fraquezas. Sendo otimista, o homem fraqueja diante da vida – pois estará se enganando, se iludindo.

“- Queres um suco de limão? Então te prepara, pois os espinhos do limoeiro não perdoam invasores!”