sexta-feira, 10 de abril de 2020

Fique em casa?

As hashtags “Fique em Casa” geraram muitos desacordos. Ficar em casa virou um sacrifício maior que enfrentar uma pandemia. Para uns, por necessidade, pois trata-se de colocar comida na mesa. Para outros, por simples capricho e por incapacidade de vencer a ansiedade. Afinal, vivíamos tempos do imediatismo e esperar, ainda que no conforto de nossas casas, é sofrido. 
Quem tem seu pequeno negócio gerador de renda já percebeu em poucos dias o quão é precioso o dia a dia e, muitos, estão dando nó em pingo d’água para sobreviver - engolindo o orgulho e baixando a guarda. Outros já desistem, chutam o balde. É a vida.
Parte dos que possuem o privilégio de passar até 3 meses em casa sem influenciar muito em suas economias ou em seus negócios entendeu o recado e em casa está com sua família. Está aproveitando o tempo para produzir algo novo, manter sua renda viva e se preparando para quando tudo acabar. Ou está apenas esperando. 
Outra parte, como vimos nos noticiários nos últimos dias, está mesmo é se arriscando. Saiu de sua casa e foi às compras ou viajou. Lojas cheias, mercados e ônibus lotados. O dinheiro girou pelo comércio e a tão citada economia respirou fundo nesse início de abril. Um alívio. Um alívio? 
 O “Fique em Casa”, inicialmente, estava longe de ser uma ordem, uma imposição. Tratava-se apenas de um conselho. O recado dentro da hashtag dizia: Nosso país não possui leitos de UTI suficientes para atender a população se muitos adoecerem ao mesmo tempo, portanto, espere sua vez em casa. Assim, poderá ser tratado devidamente. Infelizmente deixará de ser um conselho e virará uma ordem de verdade. 
Tenho esperança de que o ato de parar as escolas e universidades já tenha sido de grande valia se tratando de frear a disseminação do vírus. Entretanto, nosso país ainda não testa como se deve. O Brasil tem uma amostragem muito rala do número de infectados. Por mais que enxerguemos uma boa direção no Ministério da Saúde não podemos esquecer que estamos falando de Brasil. Um país que nunca foi muito bom com dados, estatísticas. O controle da pandemia em nosso país é bastante falho. 
 Ainda vamos começar as testagens em massa e o número de infectados irá mais que triplicar, acredito. O número de óbitos cresce todos os dias ainda com leitos. Ainda estamos lendo os números de maneira equivocada e olhando apenas para trás. Parece que estamos caminhando para repetir a história recente de outros países. Espero que não. 
O “Fique em Casa” precisa ficar mais forte. Queremos voltar a trabalhar, a sair... Mas para isso acontecer logo, precisamos aguentar. Caso contrário, tudo ficará ainda mais incerto.
 FIQUE EM CASA? 
#FiqueemCasa