Em um dia... Por um dia... Nem em um dia. O tempo
encolheu. Vinte e quatro horas não são nem vinte. Correria em casa, correria no
trabalho. Na rua, se não se corre é-se corrido. Corre, corre... Corre corre. E
o tempo? Quanto tempo o tempo tem? Não dá tempo. Doem tempo ao tempo. É
necessário.
Mas tudo muda. O tempo vira... E volta. Sem tempo é
difícil. Mais lento? Sem tempo! Mais rápido! Ah, se fosse Cem tempos! Tudo vira e o tempo... Muda! Menos tempo mais
serviço. E o tempo? Encurta! Mais ocupados, menos folgados, mais engraçados,
mais atrasados. E o tempo? Já não é mais o mesmo. Ah se fosse paulatinamente
atrasado.
Tem tempos que o tempo fazia tempo que num era
tempo. Não passava, não faltava. Faltava o que fazer com o tempo. Hoje o tempo
atropela. Falta tempo para algo fazer. Sem tempo! Ah se fosse mil tempos! Há
tempos que tempo quer-se ter!
Quer-se tempo. Espaço de tempo. Necessita-se dele,
de interação com ele! Precisa-se! -
Tempo? É você, Tempo? Quanto tempo! E você, como vai? Como assim já vai? Ah,
deve ser o tempo. Tudo bem, eu entendo, Seu Tempo. O senhor está sem tempo. Sem
tempo. O Tempo está sem tempo.
- É assim que me sinto, sem tempo. E assim como o
senhor Tempo, sem tempo, sem tempo me sinto assim, sem mim. Ah, o tempo. A
importância do tempo.