quarta-feira, 12 de setembro de 2012

A escrava e seu mel! ou Meu senhor faz bem feito!


Escrava dos teus. Escrava! Recebes e não nega. Ao beberes o mel dos comuns, não limpas o que escorre sobre tuas faces. Miscelânea de sujeira. Não se reconhece o que és. Infinitas faces já imundas mescladas ainda guardavam o melado do povo. Alegria. Tu danças, escrava. Todos te veem. Todos conhecem tua entrega. Lascam-te no pelourinho e, ainda assim, tu os idolatra. Dependes da taca, pois queres o mel.

Aos outros és impura. Tu sabes disso. Com várias facetas és quase incolor não fosse o mel no queixo. Escravas são assim.  Sempre em busca de sua venda, apesar de insinuar uma ânsia por liberdade. Queres as tacas. Desejas apanhar às claras. E ainda ri. Tu queres ser alegre. Impura, chula! Sonhas com a cegueira de um príncipe que te levarás disso tudo. Para longe!

Berra aos próximos que tens moral. Berra tanto, berra alto! Tu gostas de falar gritando. O cinismo é tua marca. Quantos senhores tu possuíste? Levaste muitas pisas, ganhaste muito mel. És pisada, mas agradece. Teu senhor tudo que faz, faz direito. Defende-o. És insana? Tens é consciência! Teu senhor faz bem feito então tu o amas. Tola.

Já foste ao longe. Sentiu o frio da distância, mas sem sair do lugar, sonhando. Queres sentir esse frio de verdade. Mas o calor que teu patrão te oferece ainda é melhor. Tu apanhas, mas tens o mel. Pra que melhor? Subir em um cavalo qualquer não vale à pena. Longe, no frio, não tem quem te lasque. Lá não tem quem te veja nem te sustente.

Sorri escrava. Dança escrava. Grita escrava. As tacas aumentam. O mel diminui. Para que mel? Sorri escrava. Todos te veem. Teu senhor te ordena agora que chore. Chegou a hora da taca.  

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