Escrava dos teus. Escrava! Recebes e não nega. Ao
beberes o mel dos comuns, não limpas o que escorre sobre tuas faces. Miscelânea
de sujeira. Não se reconhece o que és. Infinitas faces já imundas mescladas
ainda guardavam o melado do povo. Alegria. Tu danças, escrava. Todos te veem.
Todos conhecem tua entrega. Lascam-te no pelourinho e, ainda assim, tu os idolatra.
Dependes da taca, pois queres o mel.
Aos outros és impura. Tu sabes disso. Com várias
facetas és quase incolor não fosse o mel no queixo. Escravas são assim. Sempre em busca de sua venda, apesar de
insinuar uma ânsia por liberdade. Queres as tacas. Desejas apanhar às claras. E
ainda ri. Tu queres ser alegre. Impura, chula! Sonhas com a cegueira de um
príncipe que te levarás disso tudo. Para longe!
Berra aos próximos que tens moral. Berra tanto,
berra alto! Tu gostas de falar gritando. O cinismo é tua marca. Quantos
senhores tu possuíste? Levaste muitas pisas, ganhaste muito mel. És pisada, mas
agradece. Teu senhor tudo que faz, faz direito. Defende-o. És insana? Tens é
consciência! Teu senhor faz bem feito então tu o amas. Tola.
Já foste ao longe. Sentiu o frio da distância, mas
sem sair do lugar, sonhando. Queres sentir esse frio de verdade. Mas o calor
que teu patrão te oferece ainda é melhor. Tu apanhas, mas tens o mel. Pra que
melhor? Subir em um cavalo qualquer não vale à pena. Longe, no frio, não tem
quem te lasque. Lá não tem quem te veja nem te sustente.
Sorri escrava. Dança escrava. Grita escrava. As
tacas aumentam. O mel diminui. Para que mel? Sorri escrava. Todos te veem. Teu
senhor te ordena agora que chore. Chegou a hora da taca.
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