sábado, 12 de maio de 2012

Amor de Mãe. / Última Parte


Minha mãe, minha mãe...
Aos nove anos de idade precisei acostumar-me a não ter minha mãe ao meu lado todos os dias. Como já havia dito nos textos anteriores, minha mãe precisou trabalhar em outro estado, enquanto eu e minhas irmãs estudávamos no Piauí. Para quem era tão protegido, foi ruim.  E não me acostumei. Passei por essa época de uma maneira superficial, e não consegui me sair bem.
O trabalho de minha mãe era aqui em Tutoia, e eu e minhas irmãs morávamos em Parnaíba. Meu pai, de quinze e quinze dias, nos presenteava com sua presença. Já minha mãe, todo fim de semana. Às vezes ela chegava sexta-feira, às vezes sábado. Lembro-me bem de que toda sexta, eu saia meia hora mais cedo da escola, e me apressava no caminho de volta. A minha esperança era de avistá-la de longe, caminhando. Ela sempre me acenava e eu corria.
Durante todo o fim de semana eu era feliz. Tudo voltava ao normal. Era minha mãe, a dona da casa, e ela estava ali, do meu lado. Dormia perto dela, lógico. Armava uma rede por cima de sua cama, e sempre antes de dormir, pedia sua benção e a pedia também para rezar por mim. Ela me abençoava e dizia: - É claro que eu rezo meu filho! Mas ela não entendia. Eu, com preguiça de rezar, pedia-lhe que sua reza substituísse a minha, para eu dormir logo. Engraçado! Acho que durante a semana, quando ela não estava por perto, eu demorava a dormir, rezando. Quando minha mãe chegava sexta, eu tinha garantido duas noites tranquilas.
Domingo pela manhã era divertido. Mamãe dava uma geral em casa. Limpava, lavava, organizava tudo. Preparava um almoço daqueles que só mãe prepara mesmo. Depois do almoço, nem descansava direito. Sua bolsa de viagem, em cima da cama, já esperava arrumada a hora da viagem. Por volta das três da tarde saíamos, eu, minhas irmãs e mamãe. Conversando, ouvindo os conselhos para a semana. Recomendações de segurança, estudos e cuidados uns com os outros. Ela sempre nos lembrava o que fazer até o momento de entrar no ônibus.
Sua mão para fora do ônibus acenava pela janela. Seu rosto sorrindo por trás do vidro era a imagem que ficava em minha mente até a próxima sexta, ou sábado. Percebia a tristeza em seus olhos por nos deixar. Mas era necessário. O ônibus acelerava. Mas eu não aguentava e corria. Corria atrás do ônibus dando tchau, mandando beijos, de dizendo: “- Tchau mãe!”
Eu cresci. Hoje moro muito perto de minha mãe. Talvez por conta do tempo que passamos separados ainda não tenha me dado conta do prazer em tê-la sempre comigo. Mas me orgulho de saber que passamos por tudo isso e ainda somos “parceiros”. Sei que no fundo ela sempre me entendeu. Assim como no fundo eu sempre a entendo. Minha mãe é tudo para mim. Meu peito sabe o quanto ela é importante para minha vida.

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