terça-feira, 8 de maio de 2012

Amor de mãe / Parte 1

              Minha mãe, minha rainha...

Era algumas horas de uma manhã ensolarada. As férias estavam prestes a começar e a ansiedade tomava conta de minha pessoa. Aos cinco anos, brincar era a melhor opção para todos os dias, então eu não via a hora de estar de férias. Alguns de meus colegas, que estudavam em escolas diferentes já estavam de folga e brincavam naquela manhã a vontade. E vendo a molecada se divertindo, aquilo era o que eu também queria. Porém, minha mãe disse: "- Não! Você ainda não está de férias. "E eu engoli seco e obedeci. 

Horas mais tarde mamãe precisou sair e me deixar aos cuidados de minha “governanta”. Ali, eu já sabia o que iria fazer. Ao ver minha mãezinha se distanciando de casa e dobrando a rua não pensei duas vezes: Corri! Fui para casa de um vizinho onde estavam meus colegas, e brinquei. Sem me dar conta do perigo, não percebi minha mãe voltar e ouvi apenas um grito: "- Jooooota. Onde tu estás? Vem já pra casa! "Meu coração disparou, entendi o perigo e “voei” para casa. No meio do caminho quem eu encontro? "– Menino, eu num te disse que não era para sair de casa?" Disse mamãe, zangada, com o chinelo na mão!

Com o coração na goela ao ver minha mãe com aquele chinelo tão de perto, pensei: "- Eu não devia ter saído, agora vou apanhar!" E em um momento de desespero, sabendo que uma chinelada no bumbum, daquelas que sempre raspava parte da cintura e das pernas, doía muito e me fazia chorar, fiz algo que nunca esqueci. Até hoje me lembro perfeitamente de como aconteceu. Eu levantei a mão direita, deixando a palma para cima, torcendo para que se viesse a chinelada, que fosse ali, num espaço pequeno de meu corpo e que machucava menos. E com a mão erguida, apreensivo, pronto para receber o castigo, eu respirei fundo e o que eu senti foi apenas um alívio.

Na hora em que tudo aconteceu, estava passando uma vizinha que morava mais para cima da rua em que morávamos. Essa vizinha sempre gostou de mim e quando viu a cena em que eu estava com cara de culpado, com medo e com a mão erguida em posição de rendição, ela sorriu e disse: "- Ô, olha a carinha dele Rita..." E até minha mãe achou graça. Escapei da taca.

Recebi um beijinho de minha mãe que pensou bem e apenas conversou comigo. Por ter sido uma falta não tão grave, passei por essa praticamente ileso. Foi mais uma das lições que aprendi com minha Mãe. Ela dizia: Não adianta você mentir, a mãe sempre sabe! E eu quando era pego, como no caso acima, temia e evitava cada vez mais desapontá-la!
Minha mãe, minha rainha... 

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