sexta-feira, 30 de março de 2012

Quem quer educação?

Depois de tanto se lutar por educação igual para todos, hoje, não se sabe mais o que se quer. Quer-se educação realmente ou apenas viver num faz de contas?
Após uma época de muitos privilégios, talvez até por natureza e não com más intenções, alguns, apenas alguns, tinham como aprofundar seus estudos. Precisava-se de tempo para estudar, e só havia tempo para quem possuía bens, dinheiro e uma posição social favorável. Estas situações eram comuns nos maiores lugares do mundo, nas maiores potências e até em terras novas como o Brasil. Ter acesso aos grandes pensadores da humanidade, as mais novas teorias desenvolvidas em matemática, na própria ciência e principalmente aos ensinamentos dos grandes filósofos nos quais englobavam todos os tipos de conhecimento, era algo para poucos. Quem não tinha posses, ou um sobrenome reconhecido, ou simplesmente dinheiro provavelmente iria passar o resto da vida tendo que trabalhar para sobreviver, logo, estudar estava longe de ser um privilégio. Porém, com o desenvolver das sociedades, que passaram aos poucos a se preocupar com todos que nela estavam inseridos, os estudos, os conhecimentos, ou as oportunidades tiveram que estar disponíveis não só para os que eram economicamente superiores, mas também para boa parte do resto das populações. Foi quando o Estado, detentor dos poderes alheios, passou a inserir em sua constituição os direitos que cada cidadão teria, e a educação se tornou um dos principais, se não o maior direito já assegurado, constitucionalmente, para um povo. Crê-se que com educação, não há meios de prender um povo, ou aliená-lo. Por isso, ideologicamente, mas já comprovado com eficácia por alguns países, disponibilizar escolas, professores, enfim, educação de qualidade, tornou-se obrigação do Estado, e é condição de liberdade para qualquer grupo social.
Entretanto, adquirido esse direito, estarão os povos, os grupos sociais, as famílias, estarão as pessoas fazendo valer este privilégio tão cobiçado por muitos e durante muito tempo? Mesmo que os governos não disponibilizem educação de qualidade como deveriam, estarão os brasileiros aproveitando este período em que muitos já podem até pagar uma escola particular para seus filhos? Conhecerão a história dos povos os pais que não priorizam uma dedicação diária e disciplinada de seu filho aos estudos? São perguntas que não serão respondidas por alguém, mas são extremamente reais e atuais, pois cada vez mais, em alguns lugares desse Brasil se desvaloriza a obtenção de conhecimento. O que é incoerente se colocarmos essa realidade de frente com o que se buscou no passado.
Tendo contato com um número, mínimo que seja, de livros e professores muitos estudantes e pais de estudantes estão superestimando o poder de construção que essas ferramentas possuem. Dedicar-se a uma longa leitura, a um extenso exercício de equações matemáticas, ou a uma simples pesquisa bibliográfica, virou sacrifício para as crianças e adolescentes. O que era para ser algo enraizado na rotina das pessoas, virou um fardo. Vejam bem, não se está aqui defendendo a lenda de que estudar precisa ser prazeroso. Quer-se mostrar apenas que, gostando ou não, tem-se um caminho a ser percorrido. As pessoas não se lembram que todos almejavam estudos diários também para melhorar seu nível de vida. Hoje, quando têm-se que seguir a risca o que se desejava, vendo que o caminho não é um mar de rosas, muda-se de opinião. Querem chegar ao topo, mas não querem se esforçar. Têm-se a disposição as ferramentas necessárias, mas não as usam. Se não as tivessem, com toda certeza, as estariam reclamando.
Ficou muito fácil hoje criticar os métodos de ensino, de estudo. Todos criticam professores mais exigentes ou alunos mais eficazes. Porém todos os que os criticam desejam também a sua posição querendo de outras formas chegar a lugares semelhantes. E para isso inventam todos os tipos de caminhos, os mais ilusórios possíveis, para alcançá-lo, mas não se empenham para repetir a rotina cansativa e muitas vezes sem nem um pingo prazer. Virou moda promover o mito da brincadeira mesclada com os estudos. O que explica essa mudança de rumos e de idéias, onde colocam a educação séria como uma vilã da ascendência do ser humano a lugares mais honrosos.


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