sexta-feira, 17 de junho de 2011

O Homem da Cobra



O homem da cobra
Certa vez, estava eu caminhando por uma praça em uma cidade do Piauí e quando passava exatamente pelo meio da praça, percebi uma concentração de gente que só aumentava. Esta muvuca se explicava por existir um senhor localizado no centro do povo prometendo que de dentro de sua mala, ali do lado encostada, sairia uma cobra adestrada. Quanto mais o homem falava na cobra, mais pessoas, curiosas chegavam. Entre um intervalo e outro das propagandas do aparecimento da cobra, o homem oferecia outro produto, um líquido em um vidrinho. Líquido esse que prometia curar qualquer dor. E, sabendo que a multidão estava apreensiva para ver a cobra, o homem a todo o momento lembrava que de dentro de sua mala sairia uma cobra treinada.
Mas enquanto a cobra não aparecia, muitos vidrinhos de remédios eram vendidos.
E assim ficava até o final do dia:
- O homem prometia mostrar a cobra, mas não mostrava.
- As pessoas, cada vez mais, chegavam para ver essa cobra tão     prometida.
- O homem da cobra aproveitava a multidão para vender seu remédio milagroso.
O homem da cobra, conhecido assim por todos, muito astuto, enganava muitos, mas de uma forma aparentemente não intencional. E vendendo assim seus vidrinhos, o homem ganhava o que realmente o interessava, o dinheiro do povo.
É interessante atentar para os homens da cobra presentes aqui em minha cidade, Tutoia. Basta ter uma visão mais apurada para perceber que os donos de cobras adestradas aparecem aos montes, assim, como se fossem sazonais, em dois e dois anos. E igualmente pontual, logo após as promessas e muita conversa, o que se vê mesmo é a venda de infinitos vidrinhos. Por alguns homens são vendidos poucos, nem dá para lucrar, mas por outros são tantos vidros vendidos que em certos momentos se vendem até remédios milagrosos de outros vendeões.
O homem da cobra, mais astuto, marqueteia agora utilizando a mídia, como: TVs, Rádios, Internet, carros de sons... Essa é a evolução da tecnologia a serviço desse “novo-velho” comércio social.   
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