terça-feira, 16 de julho de 2013

Como controlar a inflação

Escrito por Dwight R. Lee
Publicado: 12 Julho 2013
A inflação tornou-se um problema crônico tal que muitas pessoas hoje acreditam que ninguém sabe suas causas ou como eliminá-la. Na verdade, a causa da inflação é conhecida há séculos, e é muito simples de eliminar. A inflação é o aumento persistente nos preços dos produtos que compramos e é sempre o resultado do aumento da oferta de moeda mais rapidamente do que a produção desses produtos. Com um rápido aumento na oferta de moeda, a inflação é inevitável. Sem um rápido aumento na oferta de moeda, a inflação é impossível. O governo federal pode eliminar a inflação simplesmente mantendo o crescimento monetário sob controle.
Mas se isso é verdade, por que o governo não eliminou a inflação há muito tempo? Os políticos tem constantemente afirmado que a inflação é o nosso principal problema econômico e lançado uma série de planos para resolvê-lo. Todos esses planos tem uma coisa em comum: eles não funcionam. A inflação piorou, não melhorou. Ficamos com a suspeita de que o governo não tem tido uma postura séria na sua luta contra a inflação.
Apoio adicional a essa suspeita advém do fato de que criar mais moeda, e, por conseguinte, causar inflação, é uma forma conveniente de o governo obter mais riqueza que nós (eu e você) produzimos. A forma pela qual essa transferência de riqueza acontece é em todos os aspectos relevantes idêntica à forma que um indivíduo em posição de pessoalmente aumentar a oferta de moeda poderia aumentar sua riqueza à custa dos outros.
Uma forma fácil de ganhar dinheiro.
Considere a situação na qual você tem o direito legal a imprimir moeda e coloca-la em circulação por meio de gastos. Toda a tarde você pode ligar a impressora e imprimir pilhas de notas de 20, 50, 100 e 1000 para as compras do dia seguinte. O desejo de permanecer em um trabalho produtivo desaparecerá dado que o seu emprego remunera uma ninharia em comparação ao que você pode gerar em poucos minutos. Além disso, você perceberá que a demandante tarefa de gastar seu dinheiro consumirá todo o seu dia. De um dia para outro, você terá se tornado imensamente rico. Mas note que a riqueza total produzida na economia não é maior do que era antes. Na verdade, é ligeiramente menor do que era, pois, após você pedir demissão, você está produzindo menos do que antes. Assim, seu aumento de riqueza significa uma redução na riqueza dos outros. Os bens e serviços adicionais que você está comprando não estão disponíveis aos outros.
Mas mesmo que você esteja piorando a situação de outrem por criar e gastar dinheiro, você não precisa se preocupar com críticas. Pelo contrário, você certamente será procurado e estimado como alguém que está contribuindo para a prosperidade da comunidade. Seus grandes gastos serão uma fonte muito visível de renda para aqueles que lhe vendem iates, resorts, jatinhos e pacotes de viagens de luxo. Aqueles que estão recebendo por suas compras irão encorajá-lo a aumentar, não reduzir, a quantidade de moeda que você imprime e gasta. E com essas pessoas agora tendo mais dinheiro, elas serão capazes de gastar mais, dessa forma concedendo maior renda para os outros. Por sua causa, todo mundo terá mais dinheiro.
Mas é por causa desse dinheiro adicional que os outros estão em uma situação pior. Com esse dinheiro adicional sendo gasto, mas sem uma maior quantidade de produtos com os quais gastar, os preços irão aumentar. Mas mesmo você gerando a inflação, você pode ficar tranquila que os vitimados por ela irão culpar outrem. As pessoas culparão os que estão vendendo os produtos com preços mais altos. É irônico que aqueles que estão ajudando a impedir o aumento dos preços através da contínua produção são os que mais provavelmente serão culpados pela inflação.
Contribuindo para a ironia é que muitos daqueles que estão empobrecendo com a inflação irão estimular você a aumentar seus gastos; particularmente com compras de seus produtos. Sua habilidade de aumentar o dinheiro em circulação será vista como uma forma de compensação pelos preços mais altos. E você provavelmente será simpático a essa “solução”, tendo notado o quanto menos alguns bilhões de dólares compram hoje em comparação a quanto comprava quando você começou a imprimir moeda. O que poderia ser mais apropriado do que aumentar a quantidade de moeda que você imprime toda noite?
Pode-se resistir à tentação?
Quantos de nós, encontrando a habilidade de legalmente aumentar a oferta de moeda, seríamos capazes de restringir nosso desejo por mais? A oportunidade de tornar você e a sua família ricos, enquanto sendo considerado um grande benfeitor da comunidade, seria difícil para a maioria de nós resistir. E se você ou eu não pudéssemos resistir a tal tentação, podemos esperar mais controle das pessoas no governo? A resposta é certamente não. A única diferença entre você e eu como indivíduos, e o governo, é que o governo federal realmente está numa posição de adquirir mais riqueza pela expansão da oferta de moeda. É claro que essa é uma oportunidade que o governo não tem sido capaz de resistir. Aqueles que se beneficiam de um setor governamental crescente tem lutado consistente e efetivamente por políticas publicas que geram a inflação e reduzem a nossa riqueza. O problema não é que o governo não saiba como eliminar a inflação. O problema é que o governo não tem querido eliminá-la.
Nós estamos atualmente testemunhando uma tentativa de controlar as políticas inflacionárias que se tornaram uma marca registrada de Washington no decorrer das ultimas décadas. Esse esforço heroico merece e necessita nosso apoio incondicional. É um esforço o qual será vigorosamente oposto por um grupo de interesse politicamente influente após o outro, cada um buscando beneficiar-se de maiores gastos governamentais inflacionários. Eles irão argumentar que a inflação faz com que o governo federal tenha de expandir seu programa de manutenção de preços, expandir o orçamento de seu ministério, expandir as transferências para a sua cidade, expandir os pagamentos assistencialistas, etc. Cada grupo argumentará que o gasto governamental que demanda irá prover benefícios a todos. Na verdade, cada expansão do gasto governamental irá adicionar à pressão inflacionária, transferir riqueza para alguns, e reduzir a capacidade da economia gerar mais riqueza para todos.
Contudo, a tendência natural do governo é ceder aos grupos de interesse especiais. Na verdade, os interesses especiais são difíceis de distinguir dos interesses governamentais. Aqueles no governo encontraram a forma mais segura de expandir e perpetuar seu poder, controle e riqueza é prover benefícios concentrados a grupos politicamente organizados enquanto distribui os custos para todos por meio da inflação. A única forma de parar esse processo destrutivo é restringindo a ação governamental.
A esperança tem sido votar para políticos que são simpáticos à necessidade de controlar o governo. Em outras palavras, votar para um governo que se restringirá. Mas tão importante quanto seja eleger representantes responsáveis em todos os níveis de governo, nós não podemos depender somente disso para alcançar nosso objetivo. Nossos representantes eleitos respondem aos eleitores só de forma periódica, mas eles estão sob constante pressão dos grandes interesses especiais que pressionam por mais gastos governamentais. Quando estão atraindo votos quase todos os políticos argumentam em prol do governo limitado, mas quantos permanecem fieis as suas promessas de campanha uma vez que a eleição está terminada? E nós temos quase nenhum controle sobre aqueles que estão na burocracia, e os grupos de interesse especiais com os quais tais burocratas identificam-se.
Restringindo o Governo.
Já é tempo de nós restabelecermos limites constitucionais efetivos sobre o escopo da atividade governamental. Nossos fundadores sabiam que não se podia confiar que o governo, por si só, se limitasse, e nossa Constituição é evidência de tal insight. Infelizmente, os limites que a Constituição impôs sob o governo por mais de 100 anos tem sido, nas décadas recentes, erodido por interpretações judiciais guiadas pela falsa noção que uma ampla discrição governamental é uma força em prol do bem social. Poucos são ingênuos o bastante para acreditar que um indivíduo, com a habilidade de confiscar a riqueza de outrem, seria cego à vantagem pessoal e integro para usar tal habilidade para promover somente o bem público. Ainda assim, a visão “sofisticada” de muitos na elite intelectual é que esse conjunto de indivíduos que fazem parte do governo pode ser confiados com enormes, e irrestritos, poderes para prover o interesse público.
Apesar dessa doce ilusão que frequentemente passa pela cabeça dos intelectuais de esquerda, existe uma necessidade premente de um fortalecimento de limites constitucionais claros sobre a habilidade do governo federal criar e gastar dinheiro. Sem tais limites nós podemos estar certos de que um governo federal indisciplinado continuará a inflar a quantidade de moeda e expandir sua riqueza à custa do setor produtivo da economia. Nós podemos querer debater qual será a forma dessa restrição: um retorno ao padrão-ouro, uma emenda de equilíbrio orçamentário, um limite ao gasto governamental, ou alguma combinação dessas e outras restrições. Mas somente o mais ingênuo argumentaria que podemos continuar a confiar no governo para se autolimitar.
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Tradução de Matheus Pacini. Revisão de Ivanildo Terceiro. 

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