segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Queres suco de limão? - Ou, E quando a máscara cair?



Nada melhor que um bom suco de limão. De um limão maduro, cheio de água azeda. Misturado com açúcar e muita água gelada é um belo refresco nas manhãs mais ensolaradas. Porém, deste limão, para beber seu suco, necessita-se de coragem e resistência. No meu quintal existe um pé de limão: - Um dos melhores que já vi! Conhecidos já por muitos da família e por visitantes da cidade. Até quem não é da cidade já o conhece. Não é um limoeiro qualquer. É uma árvore baixa, já de idade e diminuída com algumas podas. Ainda assim, seus frutos são suculentos, volumosos e em todas as épocas do ano nos presenteiam em demasia. Por isso a fama. Compre um limãozinho no mercado, no supermercado, na feira e o compare com os limões lá de casa e verá a diferença. É de se admirar mesmo!

No entanto, reflito sobre essa situação em diferentes aspectos - como já é de costume. Vejo as pessoas que se interessam pelo famoso fruto cítrico de minha propriedade. Uma vara comprida é o instrumento mais usado na prática dos apanhadores informais deste limoeiro. Uma vara? Pois se o limoeiro, com já foi dito, é baixo, para que utilizar uma vara para apanhar os limões? – Não meus amigos, as pessoas não são menores do que de costume! O que acontece é que esse pé de limão tem inúmeros espinhos afiadíssimos que, devido a sua coloração, se confundem com as folhas dos galhos que, logo, confundem os apanhadores. Qualquer mão que se atreva a encará-los não escapa de um encontro doloroso. Então, uma vara é o que chamamos de um “apanhador ideal” de limões.

Vejamos: - As pessoas adoram os limões e seus refrescantes sucos, mas não enfrentam os poderosos espinhos de sua árvore para apanhá-los.

Enxergo nessa situação duas características comuns entre as pessoas de meu convívio e outras por aí a fora: 

1.            Existe um enorme desejo de todos por uma suposta felicidade, por uma vida boa, sem sofrimentos, sem dores, sem diferenças. As pessoas sonham diariamente com o paraíso, desejam o paraíso. Esse desejo, um otimismo exagerado, teoricamente se transforma em ação as levando em busca de suas satisfações. Mas essa ação de busca não inclui enfrentamentos, barreiras e dificuldades. Por que esse otimismo as confunde. Devido ao grande cuidado e mimos existentes na educação dos seres humanos nos dias de hoje, ninguém mais se sente confortável quando precisa enfrentar certas dificuldades. Preferem evitar o confronto, pois foram ensinadas, induzidas, protegidas demais para encarar qualquer desafio. Aí vem a pergunta: Que seres humanos estão sendo criados? 

2.            Dentro desse desejo por uma vida perfeita, o otimismo reina na mente das pessoas. Ser otimista ajuda a minimizar os problemas? Serve como anestesia para a dor? Transforma tudo o que é “ruim” em bondade? Se sim, alguma coisa está errada! Essas questões que estão sendo levantadas ajudam a refletir em que quantidade o ser humano se engana. É a mesma coisa que colocar uma máscara de anjo em um capetinha! Você pode até passar a acreditar no que deseja acreditar – otimismo -, mas isso não te livra de encarar a realidade. Uma hora ou outra a máscara cai! E aí, estará preparado?

Contudo, creio na força de algumas mãos arranhadas pelos espinhos de meu pé de limão. Com esses arranhões, um por um, faço-me lembrar o quanto dói ser machucado por eles, mas também sei que não morrerei caso o aconteça. Encarar desafios, problemas, suportar as dores, as dificuldades, é normal. O homem só será homem quando aprender a viver com essas dores - as suas - necessárias de um percurso saudável que o leve ao sucesso (como sempre foi na história da humanidade). Pois só obtém sucesso aquele que, antes da luta, sabendo das dificuldades, sendo pessimista, encara suas fraquezas. Sendo otimista, o homem fraqueja diante da vida – pois estará se enganando, se iludindo.

“- Queres um suco de limão? Então te prepara, pois os espinhos do limoeiro não perdoam invasores!”

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