terça-feira, 4 de outubro de 2011

Politicamente correto ou incorreto? Conceitos invertidos!


Não é difícil se deparar com escolas, ou programas de TV onde crianças vêm sendo indagadas com assuntos sobre felicidade. Inúmeras pessoas “bem preparadas” afirmam acintosamente como se deve ser feliz, receitando assim a fórmula mágica e iludindo milhares de pessoas em prol sabe-se lá de que.
Atenção para o diálogo abaixo entre pai e filho:

Pai: - Preste bem atenção meu filho, você não pode errar!
Filho: - Sim senhor. É só dizer a hora certa que eu furo.
Pai: - Atenção que é só eu acertar bem na cabeça, espera o bicho cair, eu seguro e você fura o pescoço dele.
E o filho apreensivo e atento com a faca na mão responde: E se eu errar pai, e se eu errar?
- Num vá errar de jeito nenhum! Ordena o pai.  

O pai cria um pequeno boi em seu quintal e no dia de matá-lo pede a ajuda de seu filho de 12 anos. Nesse diálogo os dois combinam o momento em que a criação tem que sangrar. Ensinando ao filho tudo sobre o curioso assunto, o pai garante a ele que se ele quiser ser um homem de verdade ele tem que passar por essa “prova”. Para o filho aquele momento era a hora de convencer a seu pai que ele já era digno de sua confiança e que já podia ser considerado um homem. Então veio a ordem: - Fure a veia agora! Disse o pai eufórico. E o garoto já transformado e com punhos firmes e cerrados fura o pescoço daquele garrote com sua faca, enfim.

Se perguntassem ao garoto da história acima, por exemplo, o que era para ele felicidade, ou o que o deixava feliz, o que ele poderia dizer?
- Matar um garrote ao lado de meu pai! Ou: – Eu gosto mesmo é de sentir o sangue quente do bicho descendo e pintando minha mão de encarnado. Ou ainda: - Quando vejo um bichão daquele morrendo já penso nele cozinhando na panela da mãe! Isso é que é felicidade. (A intenção é o choque) Estas respostas seriam de certo modo o mais comum e natural que o garoto poderia dar.

Se essa questão for levantada em alguma das salas de aula deste “brasil réi intocável” - onde se treinam cidadãos politicamente corretos e de almas puras - ou em outro lugar de ensino e de preparação de crianças para a inclusão (famosa) ao meio social, poderíamos ver os professores ou adultos (exemplos de cidadania) do lugar espantados com a resposta do garoto. Principalmente, e possivelmente, com o brilho do olhar dele ao falar do serviço que fez ao lado do pai. Com certeza um dos professores lhe diria, repreenderia e lhe corrigiria: - Não... Ser feliz é querer o bem de nossa família; É querer o bem do próximo; É ser bondoso, ajudando um idoso atravessar a rua, sendo humilde, incapaz, miserável para sempre (pois dinheiro não traz felicidade)... e outras histórias encantadas. Os professores diriam qualquer coisa, menos que o sentimento do garoto em relação à felicidade é um sentimento bonito, verdadeiro e real. Provavelmente diriam que ele era um inocente que não sabia o que estava dizendo.

Felicidade... Existe um conceito para isso? (Posso chamar de isso, né?) Existe alguém que possui uma cartilha que contenha todos os passos para que uma pessoa torne-se feliz? Triste de quem acredita. Pior tristeza é saber que exista quem ensine as crianças que tudo isso é possível! Triste de quem se engana com sonhos e medos e transfere esses sentimentos a criaturinhas inofensivas e às suas furtadas realidades. Transformam a vida dos outros em uma ilusão, em algo irreal - em melhores palavras, a vida é transformada em ideia.

 As crianças são corajosas, determinadas e fortes, elas possuem sentimentos reais, pois tudo o que aprendem no começo de suas vidas é de “carne e osso”, é concreto. Mas na medida em que crescem, infelizmente vão perdendo essa característica forte – ou melhor, são roubadas e se deparam com um mundo completamente fora de realidade, um mundo transformado, “aluado”, passando a temer as conquistas da vida, ou as lutas que as levariam as suas conquistas. Passam a ter medo do conceito real das coisas.

A maioria das pessoas corre atrás de algo que chamam de felicidade, algo superficial ou irreal, e mal sabem elas que basta ser demasiadamente humana, naturalmente uma criança com vontade de ser homem e com satisfação de viver a verdade, para que não sintam mais vontade de buscar algo que não exista, para perceberem que o real compensa na medida em que se desvalorizam ideais.

Dizer a um garoto de doze anos, que gosta de estar com seu pai matando suas crias para comer e provar que é capaz de ser homem, que ele está errado e que o que ele sente por estar ao lado do pai, não é felicidade é um ato de extrema covardia. Existe quem nunca se tornou humano (racional) e por isso tiram a possibilidade de outros manterem-se ou tornarem-se demasiadamente humanos – corretos ou incorretos.

Buscar a felicidade empobrece! É “melhor” conter-se e aceitar o verdadeiro juízo das coisas.  

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