terça-feira, 11 de outubro de 2011

Apenas um dia das crianças? – ou, O pezinho de feijão esquecido


Nos primeiros anos do ensino fundamental, as crianças no início de sua carreira estudantil, aprendem já a plantar uma sementinha – um caroço de feijão é o mais usado. Normalmente o feijão é plantado em certa quantidade de algodão umedecido e esquecido por um tempinho em algum lugar com luminosidade natural. Logo, em poucos dias, sempre borrifando líquido no algodão, pode-se ver o primeiro sinal de brotação do ser fotossintetizante. Logicamente que as crianças ficam deslumbradas, encantadas e curiosas com o acontecido, sem falar na ansiedade provocada pela demora do nascimento. A descoberta! Em casa, a experiência irá se repetir – certeza.

 É sabido que, sem a água o brotinho do feijão não conseguiria apresentar-se a vida. Muito menos sem a luz, de igual importância. Infinitos fatores, concomitantemente, se desdobram para garantir a tão disputada vida ao broto. Interessante! Mas interessante é que esse processo é sempre utilizado com criançinhas, novinhas, no auge das primeiras descobertas. Pequenas - fisicamente – pessoas que crescerão também em intelecto e que precisarão de infinitos fatores, assim como o feijãozinho, para se garantir em um meio disputadíssimo, frio, calculista e que não perdoa erros, que é a vida.

Amanhã, dia 12 de outubro de 2011, quarta-feira, é o dia das crianças. Um dia inventado, é verdade, sem intenção de homenagem nenhuma, mas que para muitas crianças representa um dia especial, um dia tão esperado quanto seus aniversários. Muitas pessoas desdobram-se para dar a essas criaturinhas suas merecidas homenagens. Isso é bom. Mas infelizmente não é suficiente. Um dia comparado com uma vida não é nada. Todos os dias do ano devem servir para a mais sincera e necessária homenagem que toda criança deveria ter: Prepará-las para a vida. Não com presentes - embrulhos, carinhos demasiados, ou piedade desnecessária, mas apresentando-lhes a realidade, ensinado-as a viver. Pois a vida de boazinha, quase nada tem!

Lembrando do pequenino pé de feijão: ao término das aulas de ciências as crianças levam seus pezinhos plantados para casa. Por conseqüência de uma série de informações desnecessárias que invadem as suas cabecinhas, o tão esperado pé de feijão aos poucos é esquecido. Já não se dá mais água, nem o observa mais com curiosidade – a plantinha definha.

Com crianças não se pode perder a curiosidade, e elas não podem ser aos poucos esquecidas. O que parece é que, principalmente se tratando de educação, não se está umedecendo essas sementes como se deve. E a luz na qual elas estão expostas, além de parecerem superficiais, não as fazem crescer. Com crianças a experiência precisa ser mais séria e mais comprometida com a realidade, com a vida.

Às autoridades: As nossas crianças merecem mais que apenas um dia, mais que uma educação medíocre baseada em conceitos falidos!        

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