terça-feira, 19 de julho de 2011

Pela paz no Trânsito?

“Sempre que uma criança chora imagino como os pais dela reagem à situação.”

Ouvi essa frase de um colega de faculdade há dois anos. Ele refletia sobre a educação de seu sobrinho que tinha tudo que queria, mas ainda assim chorava sem parar. Lembro-me bem qual era sua maior preocupação: “- Tenho medo que ele cresça e se acostume a ter só o que quer. Hoje quando ele não consegue ter o que deseja, ele chora, esperneia e bate nos pais dele. Mas agora ele só tem 4 anos, e quando ele tiver 14 ou 15, quem vai segurá-lo?” Dizia meu colega com um ar de seriedade e previsão.
Ontem, segunda-feira dia 18 de julho de 2011, participei de um carreata que buscava conscientizar a população de Tutoia – MA sobre os perigos de uma má conduta no trânsito. E como a maioria dos motoristas da cidade não são legalizados, não são educados para as leis de trânsito, essa má conduta é corriqueira, já que a “norma” é não ser habilitado. E consequentemente, alguns só fazem o que querem no trânsito, sendo incapazes de agir com responsabilidade – adultos mimados?

                  Fotos: Jota Ramos
                                                                                                                         Celular

 Às 06h fui até a porta de minha casa onde se encontravam todos, pois era dali que iniciaria todo o evento. Observei bem como se organizavam e só depois busquei meu carro. Juntei-me a tantos outros participantes e segui em uma grande fila os quatro quilômetros que separam o Bairro Comum do Centro de Tutoia. O evento teve vários voluntários a discursarem no carro de som. Em cada parada se ouvia um discursinho fraco sobre a importância da vida. Balela, se analisarmos as principais causas da mobilização.
Alguns adultos às vezes se parecem com crianças (àquelas citadas no início do texto): só se interessam em fazer o que querem e se esquecem de fazer o que é preciso. São adultos mimados. Não mimados pelos seus pais. Mimados pelo povo, um povo que não sabe reclamar o que é seu por direito, e assim, dá de bandeja a quem é acostumado, treinado a usurpar o direito dos outros.
Mas na carreata também  havia pessoas de bem,  pessoas realmente interessadas no bem da sociedade,  havia civis interessados em solucionar os problemas frequentes de acidentes fatais ocorridos em nossas estradas. E ainda bem que essas pessoas falaram, “abriram o verbo”- como dizem. Em contrapartida, outros usaram e abusaram, roubaram o espaço que era para fazer um bem  social,  e o tomaram para fazer um “bem” individual. E assim conseguiram camuflar a real intenção do evento. Transformando-o, com certeza, em algo que irá ser discutido e confundido com as disputas políticas que já começaram e serão firmadas no próximo ano que é ano de eleição municipal.
É sempre bom ver pessoas preocupadas com o futuro de crianças, como meu amigo. É sempre bom ver o povo se manifestando, como nessa carreata. É um bom sinal. Certamente, na exigência da lei de trânsito, alguns adultos esperneiem. Quem sabe quando o povo começar a dizer NÃO, alguns líderes chorem! Quem sabe assim se aprende a não subjulgar a vontade do povo. Quem sabe assim, teremos líderes menos mimados no futuro.
Aos que usaram a carreata para dar tchauzinhos, mandar beijinhos, apertar as mãos dos eleitores saibam que não é surpresa a hipocrisia existente nos seus sorrisos.  As pessoas sabem separar o joio do trigo.

 “Sempre que um candidato chora imagino como os eleitores dele reagem à situação.”
Assim essa frase fica melhor.

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