domingo, 14 de agosto de 2011

A FAMÍLIA e a FRAÇÃO


Durante o pouco tempo que leciono Matemática, não foi difícil perceber que entender e operar DIVISÃO estão entre os maiores desafios dos estudantes iniciais. É comum encontrar alunos reclamando na hora de fazer contas que envolvem divisões. Por isso, ações que possibilitam maior treino e dedicação para o assunto, devem ser prioridade nas séries iniciais do ensino fundamental. Para tanto, saber somar, subtrair, multiplicar e dividir deve ser encarado com normalidade e igualdade de responsabilidades pelos estudantes e professores, bem como saber ler e escrever. E o treino é essencial para o bom desempenho até mesmo na matemática básica.    
Observando e lendo alguns livros, reparei que a divisão desafia o ser humano não só em matéria de conhecimento matemático, mas também quando se trata de viver. E assim como na escola, para entender a divisão em nossas vidas não podemos esquecer que para se dividir algo é necessário antes compreender a estrutura do que foi ou será repartido. É muito comum lermos sobre impérios que se desfazem, terras que são segmentadas ou povos que são divididos. Sem falar em inúmeras e poderosas famílias que se separaram por motivos diversos. A história nos mostra isso. Separar, repartir, dividir... Enfim, a divisão nos acompanha independentemente de nossas escolhas, cabe a nós apenas sabermos lhe dar com esse grande desafio.
Invertendo um pouco as coisas, é visível a necessidade do ser humano em somar algo, juntar-se, misturar-se, afinal, agregar sempre é bom. Mas às vezes se esquece que nem tudo é como desejamos, e é natural que ao mesmo tempo em que se queira aumentar o conjunto, um de seus elementos queira se separar, formar novos conjuntos. A família se multiplica e logo depois se divide, se separa, se reparte, é natural! A primeira lição sobre divisão que aprendemos na escola é, justamente, que ela se caracteriza como a operação inversa da multiplicação! Ou seja, se juntamos algo, é sinal que podemos também reparti-lo.
Quando dividimos um número, de maneira alguma devemos esquecer a quem ele era agregado, não podemos ignorar jamais que quantidade se está lhe retirando. Pois sem essa referência, ao dividir-se aquele número inevitavelmente perderia o seu valor.
 Para ficar mais claro citarei um exemplo:
·               Dentre os vários tipos de números, nós estudamos sobre o conjunto dos números Racionais, no qual estão incluídos os números fracionários.
As frações são números com uma estrutura diferente. Temos dois números: o de cima (numerador) e o de baixo (denominador), separados por um barrinha na posição horizontal. Essa barrinha é responsável pela divisão desses dois números.

Quando enxergo uma fração me dou conta do quão importante é a divisão. Fica mais clara a compreensão de que por mais que esteja se dividindo, o número mostra que faz parte de outros dois e que sem eles perderia sua verdadeira identidade. E assim como os números, várias famílias também passam por divisões. Há exemplos de pais que não querem que seus filhos se separem deles e de pais que os criam justamente para quando chegar a hora de se desagregarem, saberem o que fazer. Não sou pai ainda, mas se fosse ficaria com o segundo exemplo. Afinal, “Não se cria filhos pra gente, e sim para o mundo” – como dizem.

 É interessante ressaltar que assim como as frações, nós seres humanos, homens e mulheres, corremos um grande risco de perdermos nossa identidade e nosso valor se cairmos na besteira de ignorarmos nossos princípios e esquecermo-nos de onde viemos, de que “números” fomos repartidos.

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