Ao descer,
o diminuir do frio não ameniza o aumento dos cortes provocados pelas navalhas
da convivência. Nas montanhas não só não existem navalhas, como também, é o
frio que aquece a solidão!
É quente, sem
saída e liso, escorregadio. O chão jamais seria a realidade.
O chão é um
ouriço em sua mais invertida forma. E o núcleo é você: - Sem defesa!
Aqui, sem
escolha, sozinho é impossível estar. Logo, verdade é possível lá, apenas longe.
Uma pedra de
gelo em água morna. É... Aparentemente em casa! A temperatura, espinhos, a consome.
Como tentar buscar o gelo em água morna meia
hora depois é tentar voar anos depois de o chão muito pisar!
E se sólido
permanecer? Trinta minutos após, no espelho, a menos um Celsius: - Ainda estou! Em cima estou!
Existir sim:
realidade. Gelo, veja bem, água não!
O ouriço
desinverte, enfim! À medida que o alto se apresenta o núcleo ataca, não se
resguarda. Não se mistura.
Degraus aqui!
Degraus voltaram.
Pés ainda
descalços; ah, as brasas benéficas. Sapecaram enquanto vibrávamos de ódio!
Chorando, enquanto invertido. A descida
investida, lucrativa por segundos, acaba!
Arrogante na
subida! Degraus puxando, rolantemente, para o topo. No alto nem espinhos
existem. Não são necessários!
Adeus às
brasas. Adeus navalhas. Adeus aos alguéns!
Aquecido pelo
frio, no alto! Pés queimados, torrados, sapecados. Cicatrizes? – Sim!
Enfim, sozinho!
Só!
Sim,
realidade, é você! Verdade, sim, acredite, é você!
Quem precisa
de talvez? – Verdadeiramente duro! Pedra,
gelo. Em meio aos iguais, não derreti!
No chão
pisei, mais uma vez! Mas derradeiramente subi. É o fim!
O medo sucumbiu.
– Grandeza de montanha é o meu lugar!
Brasas no
bolso, entre os dedos, retina... Não existirá mais talvez! Não precisarás mais
descer para se queimar.
- E se não
souber mais viver sem o talvez?
- Como aquecer no alto, um peito angustiado,
gelado, solitário por escolha e pelo rancor acompanhado?
Já ouvi falar
de angústia! Essa cicatriz me faz aquecer a lembrança.
Se sentires
falta do chão, não olhe para teus pés! E se for abstinência, embebeda-te com teu
rancor! Ou, lembra-te dos bolsos. Nas mãos também existem “entre os dedos”.
Queima-te! Mas, descer não é mais preciso. Desnecessário, apenas vício. Só uma
fraqueza explicaria tal risco. - Do alto
me reconheço, agora. Não mais, para baixo, me ponho nem a observar. Chega de
delírio!
- Meus bolsos, entre dedos, meus olhos... As
angústias são o suficiente para não mais
o chão com meus pés fincar!
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