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Morreu Steve Jobs, homem arrogante, obsessivo e briguento.
Comportava-se como se as regras fossem apenas para os outros. Há quase
um século, morreu F.W. Taylor, de desgosto, após haver sido humilhado no
Congresso americano por sindicalistas agressivos. Era também
arrogante, obsessivo e briguento. Lembremo-nos dos conselhos de Peter
Drucker: julguemos as pessoas mais pelas suas qualidades do que pelos
seus defeitos. E assim foi com Jobs. Além de outras proezas, todos
reconheceram que criou os computadores pessoais para pobres e ricos,
transformando-os na ferramenta mais universal que jamais existiu.
Contudo, na Terra Brasilis, Taylor não encontrou a sua redenção. A cada
ano, é crucificado por professores dos cursos introdutórios de
administração de empresas. Como se não bastasse, mostram o filme Tempos
Modernos, de Charlie Chaplin, com sua versão grotesca das linhas de
montagem. Hoje, "racionalização do trabalho" é assunto maldito. Mas
submeto aos leitores a tese de que ninguém fez tanto pela produtividade
da industria. E sem organizar o trabalho, não há produtividade. E, sem
isso, não há qualidade de vida para os mais pobres. Essa foi a
revolução que Taylor iniciou e obstinadamente defendeu durante toda a
sua vida.
Taylor travou, a ferro e fogo, algumas batalhas desnecessárias ou erradas, daí a birra dos sindicalistas. Mas sua mensagem principal em nada envelheceu: em primeiro lugar, é preciso estudar cientificamente o trabalho, como um objeto de pesquisa séria. Em segundo lugar, é preciso redesenhar as máquinas e os processos de trabalho, para a dimensão humana. Em terceiro lugar, é preciso preparar as pessoas para usar as máquinas da forma mais eficiente que se conhece. Essa foi a sua revolução. Tive uma oportunidade curiosa de brincar com as suas ideias. Ao terminar o meu mestrado, passei dez dias lavando pratos para os remadores de Yale - que se preparavam para a regata com Harvard. Eu e outro recém-graduado compartilhávamos 700 pratos sujos por dia. Estudei detalhadamente os movimentos de mão e o conjunto dos gestos. Comecei a experimentar. Inicialmente, aumentou o tempo de lavagem, comparado ao do meu colega. Mas no décimo dia eu já levava metade do tempo. Em um mundo hipotético, seria duas vezes mais rico do que ele. Para mim, foi uma boa educação, mas nada prova para o mundo. Contudo, o descaso no Brasil com o processo de trabalho parece descomunal. Simplesmente, desistimos de fazer o que propôs Taylor, antes de avançarmos o suficiente, exceto em certos processos, em indústrias grandes. Onde quer que olhemos, a ferramenta é errada, o operário não sabe usá-la, o fluxo de trabalho é truncado, e há outros equívocos. Perde-se, pelo mau uso, um terço do material usado na construção civil. Ou seja, os operários não aprenderam a aplicar processos mais eficientes, como ensina o taylorismo. Ao encomendar uma peça em uma madeireira, há boa probabilidade de que o desengrosso esteja com as navalhas cegas ou o operário não saiba ajustar a máquina. Como a luz da oficina é insuficiente, pode também vir daí o erro. Aliás, posição errada dos pés ao operar uma serra circular pode causar desequilíbrio e lá se vai o dedo. Na verdade entre a árvore e o uso final, a perda de madeira é da ordem de 90%. Se Taylor fosse vivo, ficaria ainda mais escandalizado com a trajetória tortuosa e idiota dos papéis em uma burocracia. Mesmo se hospedando pela décima vez no mesmo hotel, o hóspede deve preencher a mesma ficha boboca, com informações que jamais serão usadas. Eu quis comprar uma garrafa de vinho, mas, sem "fazer o cadastro", a compra só foi possível com a autorização do gerente. Ao cobrar algo, diante do computador, o atendente preenche um formulário com papel-carbono. Por que fazer um requerimento ao governo? Se paguei a taxa, é porque quero o serviço ou o papel. Por que não pagar Darf com cartão de crédito (e, quem sabe, reduzir a corrupção)? Na fila do correio, posso ver que o processo de trabalho jamais foi pensado com as ideias de Taylor. Os tempos são modernos. Todavia, diante da nossa pífia produtividade, nem tão modernos assim. Sugiro aos nossos doutos professores que, antes de criticar o taylorismo, esperem que ele chegue ao Brasil. Onde ele falta faz! |
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sexta-feira, 29 de junho de 2012
Taylorismo, por onde andas? Salve-nos!
quarta-feira, 6 de junho de 2012
Conviver, evoluir... Conviver!
A convivência é um desafio! Para sobreviver,
alimentar-se não é a principal engrenagem, e sim a tolerância aos sujeitos
vizinhos. Diferente de opiniões humanistas, esta opinião só defende o salto
evolutivo do ser humano, que, antes de tudo, esse humano aventurou-se a
arriscar sua vida compartilhando seus lares tão próximos dos alheios. Assim, a
convivência, a tolerância e a paciência são traços claros de evolução.
No lado oposto ao da evolução, vivem os impacientes.
Os intolerantes são heranças cruas de um passado instintivo. É o que se conhece
também como teimosia. Não satisfeito com comportamentos diferentes, o ser,
certo de que é um modelo a ser seguido, se contorce até conseguir impor suas
vontades. Ele sofre por não aceitar o comportamento alheio. Como uma criança
insistindo por um bombom negado, - e antes que me entendam mal, eu vos digo que
não falo aqui de pais adultos insatisfeitos com seus filhos adolescentes. Falo
de adultos que não conseguem ser racionais uns com os outros.
Observar milhões de seres humanos vivendo em suas
casas lado a lado é animador. Pois não se encontrava, muito antes, pessoa capaz
de conviver, por isso os isolamentos e as grandes viagens de pequenos grupos, como
os nômades. Porém, o histórico físico da convivência de hoje, mascara os
humanos e sua situação real. Em momentos críticos – de pavio curto – a explosão
de sentimentos inunda os nervos mais pacatos. Estressando, minando as
aproximações mais superficiais de um ser, até destruir os relacionamentos mais
maduros.
Evoluir, para nós racionais, é mais do que
simplesmente evoluir. É também conviver. Por mais naturais que sejamos, mais
instintivos, não conseguiríamos seguir em frente a sós. Passar a “viver com”,
além de uma necessidade, passa a ser obrigatório como ferramenta para sobrevivência
do gene humano. Não se exige bondade, nem santidade. Apenas a aceitação da
condição da existência da humanidade: a Convivência!
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