Um dos gols de Romário em cima do Uruguai pelas eliminatórias para a Copa do Mundo de 1994 fez
lembrar os anos anteriores de Copa América e comemorações de gols que só meus
amigos da rua 9, em São Luís sabiam fazer. Aquela classificação para a Copa nos
Estados Unidos ainda não me parecia tão especial, pois a inocência mais me
permitia querer ver gols a todo instante do que propriamente torcer ou assistir
ao jogo. Mas me lembro de todos os jogos daquela Copa. De todos os gols: de
Romário e Raí no primeiro jogo contra Rússia. Começava a trajetória para o
Tetra.
Da decepção
de 1998 ao aprendizado de uma criança que entendia ali que não se pode ganhar
tudo, a Copa de 2002 havia chegado com a insegurança herdada de 4 anos atrás
mas também com a esperança de vermos Ronaldo recuperado de uma grave lesão
junto com Ronaldinho Gaúcho, voando com seu futebol, e Rivaldo, uma aposta de
Luís Felipe Scolari, que a meu ver, foi o melhor jogador daquela competição. A
Seleção Brasileira, jogo a jogo, encantou e empolgou os torcedores, brasileiros
e do resto do mundo. Ganhamos a Copa, vencendo a poderosa Tri-campeã Alemanha
por dois a zero. Nas madrugadas do mês de junho daquele ano vencemos ainda a
tradicional Inglaterra, o jogo que alavancou ainda mais o favoritismo da
amarelinha.
Nas duas
últimas Copas do Mundo, já com mais idade, consegui separar bem a paixão por
futebol da razão de que não tínhamos um bom time e que, provavelmente não
chegaríamos... Apesar do retrospecto: 1994, 1998, 2002, 2006 e 2010, em cinco
Copas havíamos chegado em três finais e conquistado dois títulos de nossos 5. A
minha torcida, é claro, sempre foi forte, apaixonada. Daquelas que acredita em
um gol aos 46 do segundo tempo perdendo por três a zero e faltando quatro
minutos para acabar.
Antes da Copa
de 94 começar, meu pai chegou de viagem com uma revista com reportagens
especiais sobre as Copas. Sentamos no batente da porta de casa e ele começou a
ler sobre cada uma das três copas até então conquistadas pela Canarinho. Até
que ele chegou a um tal de Mané de pernas tortas. Meu pai leu que “os Joões
faziam fila na frente de Garrincha”. E eu não entendi nada. Ele me explicou do
que se tratava e eu logo imaginei muitos gringos loiros, que se chamavam João,
fazendo fila e sendo driblados pelo camisa 7 da seleção. Depois desse dia,
dessa leitura, dessas histórias, o futebol entrou em minha cabeça de maneira
diferente. Parece até que percorre minhas veias, se mistura com meu sangue.
Esse é meu
histórico das Copas. Lembro da minha primeira aos 9 anos de idade. Queria muito
lembrar mais da de 1990, mas nada mais que bandeirinhas penduradas e alguns
churrascos num fim de tarde me vêm na memória. Porém, muitas outras Copas
virão.
A Copa do
Mundo Fifa de 2014 é sediada hoje aqui, no Brasil. Eu não tenho condições de ir
a algum estádio, assistir a algum jogo ao vivo. Lógico, tenho vontade.
Entretanto, em minha casa, no meu conforto gritarei absurdamente depois de cada
gol de nossa Seleção. Assistirei a uma Copa sediada no Brasil. Aproveitarei. Torcerei.
Quero ver nossa Seleção ser Hexa. Quero um dia contar a meu filho que só tem 1
ano e que em sua primeira Copa, além de ser em casa, fomos campeões, gritamos
gol com muita força.
Sinto que meus 28 anos de idade, facilmente poderiam ser divididos de quatro em quatro anos. De Copa em Copa!