sexta-feira, 28 de março de 2014

No aniversário de Tutoia... Nada para comemorar!




É desolador o caso do rapaz morto em um acidente que envolveu um carro e sua moto que deixou outra pessoa gravemente ferida. As pessoas próximas da vítima e até as que nem a conheciam compartilham o sentimento de tristeza, incapacidade e revolta. Mais um jovem que perde sua vida em Tutoia. Quais motivos? Encontraríamos vários se procurássemos com atenção.

Lembro-me quando criança de ir e vir no trajeto Comum/Tutoia por muitas vezes. Uma vez fui de bicicleta ao Comum com meu pai quando não havia estrada, só piçarra e barro. Um caminho tranqüilo, sem muitos carros, nem casas ao redor. Depois veio a estrada e com ela também vieram os carros, cada vez mais carros. Lembro também que, esporadicamente, aconteciam acidentes. E Tutoia foi crescendo.

Creio que não é sadio dizer que o crescimento de nossa cidade proporciona tragédias. A estrada trouxe o crescimento e com ele vieram empregos, oportunidades de mudança de vida. Quem sonhava em ter seu veículo aos poucos pode perceber que também poderia tê-lo. Então, com a facilidade, chegamos à enorme população de automóveis que existe aqui. Já observamos engarrafamentos, brigas por causa de trânsito, pequenas batidas e, como já sabemos, acidentes fatais.

Mas a linha de raciocínio não é lógica ao ponto de ligarmos crescimento ao desequilíbrio, pois variáveis fundamentais existem e não são citadas. Cabem aqui perguntas relevantes como: “- Com o número excessivo de veículos, seus condutores aprenderam a guiá-los, como?; - Quantas das pessoas que aqui dirigem conhecem as leis de trânsito?; - Quantos dos veículos e condutores da cidade são legalizados?”. Esses questionamentos partem do ponto de que, se você conhece as regras de trânsito deverá, então, segui-las, caso contrário será penalizado. Caso não as conheça, então, não deveria ter liberdade para guiar um veículo. Primeiro aprenda, como se deve e como pede a lei, para depois pensar em possuir um veículo.

Falar em direitos aqui também é irrelevante, pois um grave erro na ordem das coisas está ocorrendo. Por mais que seja bonitinha a história de que agora “o trabalhador de baixa renda, o proletário, o pobre” – como dizem os populistas – pode comprar o seu veículo, ela não vale de nada. Se puder comprar um carro ou uma moto tem que poder, também, estudar para tirar a Carteira Nacional de Habilitação. Primeiro você compra o automóvel e depois se habilita?

Mais perguntas são necessárias. O poder público, que não se mostra interessado nessas questões deveria intervir. “- Porque não o faz?; - Em Tutoia não vemos, ou ouvimos nas rádios programas de conscientização, nem em panfletos, em muros pintados, praticamente não existe, e por quê?; - Para que se pintam faixas de pedestres pela cidade sem informar às pessoas como as deveriam usar?; POR ONDE ANDAM AS LEIS DE TRÂNSITO NESSA CIDADE?”

Pessoas morrem frequentemente em nossa cidade pelo simples motivo de imprudências que já viraram rotina. Cada vez mais têm motoqueiros menores de idade, levantando pneu, fazendo manobras, pilotando sem capacete, ultrapassando pela direita, pelo acostamento, fugindo dos quebra-molas. O número de motoristas alcoolizados durante a semana e principalmente nos fins de semana é alarmante. Sair de casa nesse período é correr risco de vida. Nos domingos, aqui em Tutoia, é necessário ficar em casa, pois as imprudências se multiplicam. É fácil de concluir que quando acontece um acidente por aqui é difícil encontrarmos um culpado apenas, pois grande maioria dos motoristas e pilotos, inclusive ciclistas, comete abusos no trânsito. Fora a administração, o poder público que faz vista grossa. - Qual autoridade irá observar isso e agir para o bem das pessoas?

Portanto, são variáveis demais. Não se pode, de maneira alguma, culparmos o crescimento de uma cidade por suas mazelas. O que existe é um desequilíbrio. Não seria possível zerar com acidentes em nossa cidade, mas diminuí-los já é mais que obrigação. Melhorar o trânsito de nossa cidade significa salvar vidas. Até quando veremos imprudências acompanhadas de impunidade nessa cidade?

No aniversário de Tutoia deveríamos estar de luto. Enquanto jovens estiveram nas ruas fazendo manobras ilegais em suas motos depenadas e descaracterizadas; enquanto motoristas estiverem ilegalmente guiando seus veículos também ilegais; enquanto Toyotas carregarem pessoas em suas carrocerias como mercadorias; enquanto as ruas e a estrada estiverem impenetráveis por conta de carros mal estacionados; enquanto crianças pilotarem motos; enquanto motoqueiros e passageiros andarem sem capacete; enquanto motos não possuírem retrovisores, faróis e descargas adequados; enquanto pilotos e motoristas não tiverem a Carteira Nacional de Habilitação e seus respectivos veículos não estiverem legalizados; enquanto não se extinguirem os bares da beira da rodovia, enquanto os mesmos jovens que pilotam motos não estiverem em suas escolas e comprarem bebidas livremente nesses mesmos bares... Enquanto... Por enquanto aguardaremos novos acidentes, esperamos que não sejamos vítimas, desejamos que não haja mais mortos, queremos que culpados sejam penalizados por suas culpas, sonhamos que um dia as autoridades ajam com honestidade e punam quem sempre está coberto pela capa da impunidade!

No aniversário de Tutoia... Ela não merece nada do está acontecendo, mas, se está acontecendo, merece pessoas que ajudem a mudar essa realidade. Se existem essas pessoas não sabemos. Temos que esperar para ver! 

quarta-feira, 19 de março de 2014

A melhor reivindicação é o estudo, em sala de aula! - Ou, EXPECTATIVAS.

A expectativa, a esperança, o desejo de algo novo é algo delicioso. Às vezes, em exagero, pode até ser considerado desnecessário, pois muita ansiedade pode atrapalhar e, assim, fazer perder detalhes da grande estreia. Porém, é essa sede que os inícios proporcionam o que normalmente alimentam a arrancada para uma corrida em nossas vidas.

Lembro bem dos inícios em minha vida, de minha ansiedade, meus sonhos, minhas expectativas. Claro, nem sempre isso ajudava, mas o importante é que eu sabia que algo estava mudando, se desenvolvendo, buscando evoluir. Em especial meus inícios de ano, de aula, me proporcionavam emoções que não esqueço. Muitas vezes simplesmente por mudar de série ou, apenas por terem trocado a lousa que era de giz por uma de acrílico. Lembro a alegria que tive quando descobri que no ano seguinte àquela minha 6ª série eu teria um laboratório de ciências para estudar. Aquela escola me prometera isso e assim o fez. Lembro-me da primeira aula, das aulas seguintes. Lembro-me de um dia ter oferecido meu dedo para ser furado, meu sangue ser analisado em uma aula e assim descobrir que sou O+. A minha 7ª série, também por isso, mexeu comigo e desde então me fez olhar diferente para a disciplina de Ciências. Nunca fui dos melhores alunos, entretanto, a curiosidade me dominava quando se tratava de novidades na escola.

Hoje mais cedo vi um grupo de alunos passar em frente a escola que trabalho, o Instituto Educacional Maria Madalena – IEMMa, o que me fez reavivar essa lembrança, que ainda hoje me faz tão bem. Os alunos, aparentemente do Centro de Ensino Casemiro de Abreu, daqui de Tutoia, faziam uma pequena passeata reivindicando, a meu ver, melhoras em sua escola. Especificamente, a lembrança veio à tona quando um dos alunos gritou: “- Queremos nosso laboratório de Química!” Para mim, que não aprovo “movimento de massa”, não concordo com essa história de voz do povo - pois a voz do povo já colocou boa parte do mundo em apuros - a passeata dos alunos me agradou. Lógico, mais por emoções pessoais do que por importância do ocorrido, porém consegui ver nos olhos de alguns daqueles alunos certa vontade. E isso é o que mais deixa um professor maravilhado: Ver um aluno com vontade de conhecer.

Conheço o laboratório daquela escola. Enquanto aluno do curso de Ciências Exatas – UFMA recém-terminado, visitei o tal laboratório para uma aula de química e uma de física. Em ambas, as aulas foram prejudicadas por faltar equipamentos adequados ou por existirem equipamentos, mas com defeito ou simplesmente por não estarem completos – foram tirados por alguém ou não... quem saberá? Como foi diferente o resultado da expectativa para aquela aula – frustrante!

Dos alunos da passeata estão tirando, além do direito de conhecer e estudar, o direito de ter expectativas, de ficarem ansiosos com o novo ano, com professores novos, equipamentos novos. Querer um laboratório de química significa que existe a necessidade, a expectativa, mas que foi abafada com a mesmice e a rotina enfadonha herdada por professores anteriores da disciplina ou simplesmente por nunca terem sido tratadas com a importância devida.

As aulas na cidade que moro não são motivos de satisfação. A tensão toma conta dos profissionais da educação. Professores remanejados, soltando comentários do tipo: “- Tu ta onde? Me colocaram no colégio tal, na localidade tal.” Isso é o que escutamos comumente nas filas do banco, nos supermercados, nas ruas... Não existe expectativa para o início das aulas, a não ser, se o colégio acolá irá reabrir. Frustrações! Os alunos que vivem tentando estudar ou pelo menos estar nesse meio experimentam desânimos demais. Já não têm as aulas que deveriam ter, os prédios que mereciam, os incentivos que necessitam e estão tirando deles a expectativa de uma vida melhor proporcionada por sua dedicação nos estudos. Salvo aqueles heróis que só dependem de si, os alunos do Ensino Fundamental e Médio de Tutoia estão vivendo o desprazer de encontrar pessoas descompromissadas com a educação que deveria ser prioridade.

Com sinceridade, espero que esses alunos que vi hoje pela manhã saiam das passeatas. Desejo que eles voltem para suas salas de aula e encontrem livros e mais livros, leiam incansavelmente, estudem de verdade. Se eles não têm com quem contar é melhor contar consigo mesmo, não pedir nada a ninguém e, como já disse: estudar para valer. O recado que eles queriam dar também poderia ser passado de outra maneira, mais ordeira. A melhor resposta que darão a toda essa situação será com boas notas e uma aprovação no vestibular.


Esses adolescentes precisam estudar, cada vez mais. Precisam de professores cada vez mais compromissados, que ensinem. Só assim as suas curiosidades serão alimentadas. Só assim a sede de conhecimento será estimulada. E as expectativas para o futuro serão mais concretas, pois seria deles mesmo que esperariam o melhor.

sábado, 15 de março de 2014

Ilusão - ... com palavras!!


Enfrentar problemas com palavras é a maior das derrotas. Tentar diminuir um mal, resolver desafios, solucionar incógnitas da vida apenas falando ou apenas com pensamentos é o mesmo que ludibriar-se. O que há de mais desonesto do que enganar a você mesmo? 

O uso de drogas: cigarros, álcool, telenovelas..., é visto por muitos como uma fuga para encobrir os problemas diários. O esquecimento do que anda afligindo as pessoas virou solução para não solucionar ou simplesmente reconhecer o está acontecendo com você mesmo. Qual a diferença entre enganar-se com palavras ou com algo químico? A saúde mental anda inutilizando cada vez mais pessoas. E enganarem-se com frases, pensamentos, clichês, idéias, acarretaria mais em angústia crônica do que realmente em algo bom. 

- O que aconteceria com um acúmulo de problemas em suas vidas? O perigo dessa bola de neve não se resume a quem a cria, mas acaba enfraquecendo estruturas de quem as rodeia. A correria e superficialidade nas vidas das pessoas andam exigindo cada vez mais soluções rápidas ou, apenas, algo que as façam esquecer ou tentar resolver depois.  É como um vírus. 

Aprender a aceitar os problemas da vida é o mesmo que aprender e aceitar a individualidade natural de cada um.  Não é demais ressaltar que a massa de pessoas inseridas nesse mundo já não é ela mesma há muito tempo. Conhecer-se ou reconhecer-se, hoje, talvez seja tão difícil quanto se desintoxicar ou trabalhar para o controle ou extinção de um vício. Pois vivemos um vício. O vício do costume, do que já foi imposto. E assim vamos desgarrando do que mais nos fortifica: - Nós mesmos!

Em um número bem pequeno, bem pequeno mesmo, existem aqueles que não são como a massa. Que apesar de não desgarrar de todos os costumes pré estabelecidos busca incansavelmente reconhecer-se nesse mundo de viciados.  Essas pessoas têm dificuldade de relacionamento, de conviver, de simplesmente ouvir. Falar não é necessário, expressar-se tampouco. Quem as entenderiam? São tidos como egoístas por não demonstrarem interesses pelo problema alheio. Pudera, como escutar alguém que encontra todas as desculpas, mas não encara o que terá de resolver com honestidade? 

Preocupar-se só com você mesmo está longe de caracterizar o tal egoísmo (egoísmo mistificado). O que o caracteriza, e com força, são as atitudes da maioria com o outro, fazendo-o acreditar que palavras irão livrá-lo do problema. E para quê? Para se livrarem também. Como não se conhecem e não são capazes de resolver seus problemas, não querem quem está próximo com problemas. Por isso os enganam, assim como fazem consigo mesmo.    

Quando não se preocupa com o problema alheio, é porque o problema é alheio. E só sente isso quem é capaz de resolver os seus próprios. As palavras, idéias, frases já construídas, jamais darão soluções para algo real. E se não nos conhecemos é porque não somos reais.

   

quinta-feira, 13 de março de 2014

Mas que vidinha, hein, Dona Hiena!!

Ó, pequena Hiena, não lutes mais, será em vão!

É indiscutivelmente fácil a vida de hiena. Ela vive de restos, carniças, carcaças de animais já vencidos, devorados, ou por outro predador ou pela própria natureza. Entretanto, nunca vencido por ela mesma! Vive na sombra, é preguiçosa. Pode até parecer perigosa: mostra as garras para alguns animais, contanto que sejam menores que ela, é claro! Aí ela se esbalda, com as presas à mostra e um sorrisinho safado, junto de um rangido medroso, típico de quem vive das sombras dos maiores. - Mas que vidinha, hein, dona Hiena!

Grandes predadores armam botes estratégicos, usam sua força, imponência e transformam sua presa rapidamente em alimento. A vida na selva não deveria ser para os fracos, menores, porém o lugar é de todos e eles, assim como qualquer outro, podem estar ali ou não. A selva não garante vida apenas aos predadores, mas ela garante um lugar privilegiado, às vezes até, oferece o trono, tornando rei aquele mais forte, que come melhor, as melhores carnes, frescas. - Quem ousaria enfrentar um leão em seu território com suas fêmeas?

A fome. As hienas não são corajosas o bastante para atacar o rei da selva. Elas se distanciam do rei, ficam na sombra enquanto o mais forte faz o trabalho. As hienas enxergam o rei de longe, o rei as enxergas... Mesmo sabendo que elas estão ali, os leões não ligam. Eles conhecem sua força e a fraqueza das pequenas hienas. As hienas? Bom, elas, magricelas, apesar da fome, esmagadora fome, esperam a boa vontade dos reis para poderem se alimentar dos restos que ali apodrecem. – Nem com fome as hienas se encorajam. Mais uma lei da selva.

Em situações adversas, esporádicas, elas, achando que o Leão está só, tentam armar o bote. Com aquele sorrisinho bandido se aproximam, de cabeças baixas. O Leão, mexendo uma das orelhas para espantar alguns outros mosquitos, as observa incrédulo: - Ah, não! Será que terei de sair de meu conforto? As hienas tentam, mas é claro, desistem.


Mais tarde os reis saem para a caça. Esbaldam-se de carne fresca. Banquete! Tempos depois, com o território livre as hienas, com fome - atormentadora fome - se aproximam e, se não tiver nenhum rei por ali, elas se deliciam com...  vejamos, restos apodrecidos de carne.


Mas que vidinha medíocre, hein, Dona Hiena!