domingo, 24 de fevereiro de 2013

Meu filho. Nós três!


Na palma da mão, apenas. Assim, todos os dias, nós, o encontramos. Conversamos, lemos, cantamos. Não importa se o dia foi corrido, cansativo, nós três sempre nos reunimos. É indescritível, inimaginável, porém real. Não o vemos, mas tocamos. Não o ouvimos, mas falamos. Sentimo-lo.

Durante uma grande quietação, esperamos. Deixamos o tempo passar, esperamos. Até que, impacientes, ansiosos e, até um pouco medrosos o buscamos. Saber de sua existência é maravilhoso. Esperá-lo é magnífico. Senti-lo então, esplêndido. Por isso o trazemos. Já existe saudade. Cento e setenta dias e seiscentos e trinta e dois gramas de realização.

Os dois – estamos - gestantes. Aguardando, sonhando, planejando... Amando. Conversando. Comunicando-nos. Senti-lo reagir às trilhas clássicas de Beethoven é lindo. Suas sinfonias o fazem dançar, flutuar... Chutar. Então, com naturalidade, a Nona Sinfonia dá o tom e como um recado, ela o faz parar, como se o fizesse ouvir, apreciar, equilibrar-se: mente e coração, juntos, como a própria sinfonia propõe.

Coloco a mão na barriga de minha mulher – da minha vida – e espero. Não ter resposta me inquieta. Decido cantar, falar ou ler em voz grave e suave e, mais uma vez, como uma resposta, a reação. O mundo para mim não existe mais, nesse momento só consigo rir.

Amo meu filho. Não precisa, mas ele me conquista diariamente. Faz-me chorar, gargalhar... Babar.