É difícil escrever quando se está desmotivado. No
entanto, não é impossível. Deve ser mais difícil escrever quando não se sabe
escrever. Por isso leio tantas asneiras nas redes sociais. Por mais que se
filtre o que se quer ver, não se consegue escapar os olhos desses ciscos que
mais parecem pedregulhos.
Quando se tem a leitura como costume diário viciamos
o cérebro a ler tudo o que se apresenta em nossa frente. Não escapa nada. O que
pode passar despercebido são alguns detalhes que o próprio costume da leitura
nos faz ignorar: um pronome, um verbo, algumas palavrinhas. Mas a interpretação
não escapa.
E o que dizer de quem escreve, ou tenta expressar-se
com a palavra escrita e não consegue? Isso não é para tantos. Outro dia li algo
interessante que dizia: - Quem nunca gravou sua voz ao cantar, não sabe o que é
decepção. A decepção ao descobrir que sua voz parece mais uma taquara rachada
do que veludo, só existe por que se têm como padrões as vozes que estão nas
rádios, televisões, gravações dos cantores famosos.
Quem não sabe escrever ilude-se, provavelmente porque não lê o suficiente – leituras relevantes, é claro. Portanto não tem
parâmetros que permitam avaliar sua própria escrita e deduzir que, assim como
sua voz, é tudo um horror.
Por isso temos que aguentar todos os dias os clichês,
as frases mais absurdas, os piores erros, as incontestáveis convicções
ideológicas – ignorantes e incoerentes. As redes sociais socializaram isso
também e só avivaram a brasa. Parece que existe incentivo para a ignorância.
Gravasse-se isso, teríamos um estrondo horrível e insuportável.
Então, ainda com minhas poucas leituras, não
deixarei de escrever. Até tentei e disse que não valeria mais à pena.
Entretanto, pelo que ando vendo, lendo e escutando, acho que minha escrita,
mesmo que mediana, não merece ser ocultada.