segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Minha Tutoia... Até quando?


Quando analiso meu dia a dia percebo o quão importante é ter uma rotina respeitada, com horários, percursos e obrigações cumpridos a risca. Assim, quando chega o final do mês a sensação de eficácia é instantânea. E sem essa disciplina não seria possível conseguir tantos resultados positivos quando se trata de satisfação pessoal. Claro que resultados negativos aparecem também aos montes, mas com toda certeza não foi por falta de compromisso. Pois estando focado no que se objetiva é mais fácil compreender e aceitar os limites de sermos humanos e que estamos sujeitos a erros, apesar de querermos sempre os acertos.
Entretanto, conviver com esse foco e dedicação não me torna cego a ponto de não perceber o que se passa ao meu redor. O compromisso não escurece minha vista, e sim, clareia o chão que piso. É certo, e percebo que, estando ocupado, entretido, o tempo parece passar mais rápido, mas é impossível não notar a vida ao lado: bondades, maldades, benfeitorias, barbaridades... Eu escuto, enxergo, e sinto as notícias. Em cidades pequenas diversos assuntos passam de ouvido em ouvido em segundos. Enfim, tudo que acontece no dia a dia de outras pessoas aqui em Tutoia-MA dificilmente não chega aos conhecimentos dos outros.
E, não diferente, em minha rotina tenho passado todos os dias por uma rodovia que liga o povoado onde moro, Comum, que fica a 4 km do centro da cidade, Tutoia-MA, e durante esse percurso encontro inúmeras pessoas que vão e vêm pela estrada, observo quem fica em suas casas trabalhando ou sentado em suas portas conversando, descansando, ou simplesmente vivendo. Mas o que me chama mais atenção é que muitas dessas pessoas também se arriscam neste caminho, seja caminhando, pedalando ou até correndo na beira da pista: onde a quantidade de veículos é grande, transformando o trânsito, ainda sem fiscalização, em uma arma letal que ameaça a vida dos moradores da localidade, o Paxicá, que fica á 3 km da cidade. Neste local, os horários de início e término das aulas coincidem com os horários de pico, onde o número de motos, de carros, vans, ônibus e caminhões aumenta consideravelmente. E é preocupante ver que muitas crianças (alunos ou irmãos de alunos), ao irem e virem da escola, dividem o caminho com esses veículos.
Não bastasse a incompetência de muitos motoristas, que não mantêm seus veículos equipados como deveriam – se quer colocam lanternas traseiras em seus automóveis - temos que nos preocupar também com a incompetência do serviço público local. É visível a desorganização até mesmo na sua estrutura física. A maioria das casas, escolas e comércios são muito próximas da estrada, onde na verdade, deveria existir um acostamento. Aliás, se perguntarmos o que é acostamento para os moradores das beiras das estradas, eles nem irão saber do que se trata. Nunca viram um. - mal sabem que moram em cima dele. Resultado: as pessoas estão se arriscando e se acidentando nas portas de suas casas, de seus comércios, de suas escolas... Por culpa de quem? Dos moradores? E as autoridades o que estão fazendo? No máximo estão apenas se acostumando.
Outro detalhe absurdo são os postes de energia elétrica fincados a meio metro da pista. Gostaria de saber em que local do mundo isso não seria considerado o maior de todos os atos de incompetência, ineficácia, desperdício, ignorância, descaso, malandragem, comodismo e para acabar logo com isso, o maior ato de burrice, isso mesmo, burrice. - Tem gente que merece ser chamado é de asno, de burro. O pior é que a prefeitura não toma nenhuma providência. Ou são tanto quanto, ou são piores. É muita falta de discernimento. O povo, definitivamente, deve gostar de ser maltratado e enganado. E não existe esse papo de que o povo não reclama por que não tem conhecimento. Besteira! - Tem gente perdendo entes na porta de casa. Pra que mais conhecimento que isso? Todo mês temos que pagar pela energia que consumimos e o Estado, na mesma cajadada, come um imposto bem gorduroso. A companhia de energia elétrica devia reinstalar seus postes, retirá-los o quanto antes. E se não o fizessem a prefeitura deveria exigir, pois seria pelo bem dos moradores e de quem passa por aquele lugar. - O difícil é tentar acreditar que a prefeitura faz alguma coisa pensando no bem de alguém. A não ser...
Nesses dias que passaram me deparei com máquinas e homens na estrada tapando os buracos (milhares), deixando a estrada finalmente trafegável. Um serviçozinho medíocre, como 99% dos prestados pelo estado. Uma regra básica: As escolas do estado não ensinam, não funcionam, logo os funcionários do estado não sabem tapar buracos. B-U-R-A-C-O-S! Têm buracos em todos os lugares, o difícil é achar alguém que seja capaz de tapá-los aqui nesse MA. – Quem irá tapar o MA? (Não se zanguem maranhenses ufanos!). Desculpem, eu esqueci! A governadora é que é boa nisso. Se ela percebe um lugar vazio, quer logo tapar. É isso que quer fazer com Tutoia, enterrar todo mundo vivo. 
Sem fazer esforço, basta que as pessoas comecem a ler e se informar para conhecer como a vida realmente funciona. Temos milhares de exemplos de pequenas cidades que são pioneiras em matéria de organização. Locais onde tudo funciona. As informações estão aí. Mas, começando pelas autoridades e terminando em quem os colocam lá (povo), ninguém quer se informar, ler, conhecer, estudar. Acham que já nascem sabendo de tudo, ou que são gênios e que não precisam mais de nenhum conhecimento para viver. As pessoas evoluíram, o mundo evoluiu, e ainda tem gente resistindo às mudanças, resistindo ao que é mais correto para a maioria. Evoluam pelo bem... Pelo seu próprio bem, pelos seus próprios bens! A civilidade é algo que conquistamos com muita luta, não podemos desperdiçá-la achando que já nascemos pronto para vida!
Vou seguir com minha rotina e com meus olhos bem atentos. O tempo não para, o mundo não para, a vida não para. Temos que observar tudo para podermos reclamar o que é nosso. Ainda tenho convicção que certo dia - espero que não demore – as pessoas entendam e aprendam que sem conhecimento não se consegue fazer algo bem feito, por completo. E nessas andanças proporcionadas pelo meu dia a dia eu comece a ver mais bondades e mais acertos.
Desde novo ouvi uma frase que ainda hoje me acompanha em minhas consciências: - Se você for fazer alguma coisa, faça sempre bem feito. Mas demorei um pouco para obedecê-la com compreensão, hoje a entendo e sei que não posso, jamais, conseguir efetuá-la sem conhecimento.     
  

domingo, 14 de agosto de 2011

A FAMÍLIA e a FRAÇÃO


Durante o pouco tempo que leciono Matemática, não foi difícil perceber que entender e operar DIVISÃO estão entre os maiores desafios dos estudantes iniciais. É comum encontrar alunos reclamando na hora de fazer contas que envolvem divisões. Por isso, ações que possibilitam maior treino e dedicação para o assunto, devem ser prioridade nas séries iniciais do ensino fundamental. Para tanto, saber somar, subtrair, multiplicar e dividir deve ser encarado com normalidade e igualdade de responsabilidades pelos estudantes e professores, bem como saber ler e escrever. E o treino é essencial para o bom desempenho até mesmo na matemática básica.    
Observando e lendo alguns livros, reparei que a divisão desafia o ser humano não só em matéria de conhecimento matemático, mas também quando se trata de viver. E assim como na escola, para entender a divisão em nossas vidas não podemos esquecer que para se dividir algo é necessário antes compreender a estrutura do que foi ou será repartido. É muito comum lermos sobre impérios que se desfazem, terras que são segmentadas ou povos que são divididos. Sem falar em inúmeras e poderosas famílias que se separaram por motivos diversos. A história nos mostra isso. Separar, repartir, dividir... Enfim, a divisão nos acompanha independentemente de nossas escolhas, cabe a nós apenas sabermos lhe dar com esse grande desafio.
Invertendo um pouco as coisas, é visível a necessidade do ser humano em somar algo, juntar-se, misturar-se, afinal, agregar sempre é bom. Mas às vezes se esquece que nem tudo é como desejamos, e é natural que ao mesmo tempo em que se queira aumentar o conjunto, um de seus elementos queira se separar, formar novos conjuntos. A família se multiplica e logo depois se divide, se separa, se reparte, é natural! A primeira lição sobre divisão que aprendemos na escola é, justamente, que ela se caracteriza como a operação inversa da multiplicação! Ou seja, se juntamos algo, é sinal que podemos também reparti-lo.
Quando dividimos um número, de maneira alguma devemos esquecer a quem ele era agregado, não podemos ignorar jamais que quantidade se está lhe retirando. Pois sem essa referência, ao dividir-se aquele número inevitavelmente perderia o seu valor.
 Para ficar mais claro citarei um exemplo:
·               Dentre os vários tipos de números, nós estudamos sobre o conjunto dos números Racionais, no qual estão incluídos os números fracionários.
As frações são números com uma estrutura diferente. Temos dois números: o de cima (numerador) e o de baixo (denominador), separados por um barrinha na posição horizontal. Essa barrinha é responsável pela divisão desses dois números.

Quando enxergo uma fração me dou conta do quão importante é a divisão. Fica mais clara a compreensão de que por mais que esteja se dividindo, o número mostra que faz parte de outros dois e que sem eles perderia sua verdadeira identidade. E assim como os números, várias famílias também passam por divisões. Há exemplos de pais que não querem que seus filhos se separem deles e de pais que os criam justamente para quando chegar a hora de se desagregarem, saberem o que fazer. Não sou pai ainda, mas se fosse ficaria com o segundo exemplo. Afinal, “Não se cria filhos pra gente, e sim para o mundo” – como dizem.

 É interessante ressaltar que assim como as frações, nós seres humanos, homens e mulheres, corremos um grande risco de perdermos nossa identidade e nosso valor se cairmos na besteira de ignorarmos nossos princípios e esquecermo-nos de onde viemos, de que “números” fomos repartidos.