quinta-feira, 30 de junho de 2011

Pão e Circo!

PÃO Pão  pÃO     
    
                          &


                  circo Circo cIRCO CIRCO

terça-feira, 28 de junho de 2011

Um coral dos meus sonhos


               Com um coral de vozes infantis e com uma leve entonação de adolescência, fui recebido em uma das salas onde leciono aqui no IEMMa. Alunos meus, do 7º e 6º ano, prepararam-me um festa de aniversário inesquecível. Com um imenso bom gosto eles compraram bolos, salgados, refrigerantes, fizeram pipocas, encheram balões, ornamentaram toda a sala de aula, inclusive com chocolates. Foram mais de duas semanas se organizando para que eu pudesse ter essa surpresa. Meus alunos conseguiram fazer com que eu me emocionasse.
               Durante duas semanas percebi toda a mobilização de uma das turmas. No 6º ano, em todas as aulas, os alunos sempre deixavam entender o que estavam tramando. Não sei se por imaturidade, ou apenas pela expectativa que, claramente, eu percebia. Os dias foram passando e, de rabo de olho (como dizem), eu os observava nos cantos cochichando com minha esposa para que ela pudesse os ajudar. Já o no 7º ano, ninguém tocava no assunto. Até parecia que nem iriam participar, pois agiam naturalmente durante todas as aulas.
               Eu estaria sendo mentiroso em dizer que não criei, também, expectativas por essa festa. É claro que eu sabia de tudo, e apesar de minha esposa dizer todos os dias (eu lhe perguntava todos os dias) que não tinha festa nenhuma, eu estava ansioso demais.
               O local onde trabalho é muito importante para mim. Lá consegui amizades valiosíssimas. Meus alunos são para mim pedras preciosas. E cada olhar, cada sorriso, cada palavra daquele “Parabéns pra você” muito bem cantado por eles e cada abraço que recebi estarão para sempre em minhas lembranças.
              Agradeço a todos que participaram dessa surpresa.
Obs.: Minha esposa fez que tudo se tornasse ainda mais especial. Por isso eu a amo mais a cada dia.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Meu e seu? Ou Achado não é roubado?


                      No auge de minha infância tive a oportunidade de aprender inúmeras brincadeiras, principalmente em épocas como essa, de arraial. Umas brincadeiras eram muito boas, outras nem tanto e algumas muito ruins. Lembro-me bem de quase todas, mas as que mais insistem em permanecer em minhas lembranças são as piores. Uma vez estava eu comendo um delicioso pedaço de pão doce, na calçada de casa, quando um de meus colegas chegou perto de mim e falou: - Meu e seu! Eu espantei-me, lógico, e curioso, perguntei do que se tratava. – É uma nova brincadeira que todos estão participando. - Tudo o que você tiver comendo terá que repartir se na hora em que for dito “Meu e seu” você não estiver de dedos cruzados. Disse ele. E depois de muita conversa acabei convencido de que também deveria brincar, e é claro, um pedaço de meu pão eu teria que repartir com o colega tão astuto. Horrível não acham? Pois é, mas ainda assim perdi inúmeros pedaços de lanches.
                     Outra brincadeira ainda mais sem nexo é aquela: “Achado não é roubado, quem perdeu foi relaxado”. Um sofrimento só. Ninguém podia deixar qualquer coisa solta por aí que já tomavam da gente. Absurdo! Mas eu, sempre um pouco tímido, aceitava esse tipo de jogo para não perder os contatos com o grupo. Fazer o quê? - Não tinha jeito. Pensava eu.
                     Há poucos dias deparei-me com uma situação que me fez recordar tudo isso e muito mais. Quem diria? Quase 15 anos depois cá estou eu, trabalhando todos os dias, casado, pagando minhas contas em dia, e ainda tenho que me preocupar em não deixarem me tomarem o que é meu por direito.
                     Estava eu indo para casa depois de mais um dia de labuta, e quando entro em uma ruazinha estreitíssima onde mal dava para passar meu carro, o que eu vejo? Um ônibus estacionado e uma Van, ao lado, descarregando para dentro do ônibus. Esperei cerca de 7 a 10 minutos até que o provável dono da rua me deixasse passar. Outro dia, esse mais recente, quando eu estava indo trabalhar, não acreditei no que havia visto. Chegou um parque aqui na cidade que, simplesmente, (na maior) como dizem, fechou só a avenida de principal acesso ao centro da cidade.
                     Com toda sinceridade, eu já não tenho 11 anos para brincar de tomar as coisas dos outros. E por mais que digam: - Isso sempre foi assim! Eu jamais me acostumarei. Sempre vou sentir como se tivesse ainda que repartir aquele pedaço de pão doce.
                     Ah, só pra constar. Antes, nas brincadeiras de infância, tudo era combinado antes. Hoje, por aqui, nem mesmo podemos achar que é tudo uma brincadeira. 

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Descaso ou ignorância?

Por aqui, educação é um tema pouco discutido pelos políticos, e quando é, a preocupação com o aprendizado dos alunos parece passar longe de suas prioridades. Vejo que os professores de minha cidade são escolhidos, não pela sua capacidade de educar, de ensinar com eficiência, mas sim pelo fato poderem ser passivos, incapazes de se posicionar contra a situação, contra o governo. Por isso, eles são as primeiras preocupações de nossos líderes quando o assunto é educar. Já aquilo que o alunado está aprendendo não os interessa. Estando assim subtendido que os alunos de suas escolas possam ser ainda mais passivos e incapazes que seus professores, tornando-os, alunos, cada vez menos prioridades no município. Para que criar leões? Para depois ser devorados por eles?
E se já não bastassem os hospitais que não curam, estradas que não existem, um sistema de água fantasma, um monopólio absurdo no comércio municipal, taxas monumentais de energia pública, agora temos que aprender a viver com prédios recém-inaugurados e metodologias “novas” que estão prestes a desabar. Não que não exista coerência nessas duas últimas, pois se levarmos em conta que o alicerce de toda educação é o conhecimento, do jeito que as coisas andam, não existiria estrutura que aguentasse. Com professores que não ensinam, é difícil existir alunos que aprendam. Por isso só podemos ter uma certeza: Por mais que não desabe, sempre irá existir gente capaz demolir nossa educação!
Não fugindo a regra, é perfeitamente visível o despreparo educacional na maioria das cidades brasileiras. E com uma arrecadação tributária gigantesca direcionada em grande parte para educação, ainda assim no Brasil milhares de crianças ainda são promovidas nas etapas graduadas de ensino sem ter domínio do mínimo do seu conteúdo específico. Assim, o aluno que não aprendeu o que deveria no 8° ano, por exemplo, irá cursar o 9° ano sem preparo, sem conhecimento suficiente para desenvolver as habilidades necessárias que o ajudará na etapa seguinte que é o Ensino Médio. Essa bola de neve se reflete nas avaliações nacionais e internacionais que apontam péssimos resultados mostrando que os adolescentes que já deveriam estar se preparando para um curso superior, ainda precisam do básico: aprender a ler e escrever de verdade.
Nosso país é um dos campeões em ineficiência. O que para os mais utópicos, nacionalistas ufanos, essa sim (a ineficiência) é que deveria ser uma marca a ser estampada para todos. Não vejo motivo de orgulho ser um país que não consegue educar uma criança. Por que vou vangloriar um evento como a Copa do Mundo no Brasil se o país não consegue nem construir um estádio de 1° mundo no tempo adequado? E o pior é que não vejo este país formando pessoas capazes de poder mudar essa situação.
O motivo de tanta distorção da realidade pode estar na própria cabeça dos nossos líderes. Não sei se intencional ou não, mas nossos governantes não dão prioridade nenhuma à educação do futuro do país. Por enfiarem os pés pelas mãos em diversos setores, eles não podem resolver nem nossos problemas primários.
Aprender a ler e escrever corretamente ainda é direito de todos, e possibilitar isso é dever do Estado. Ao invés de se preparar para receber uma Copa do Mundo, o Brasil deveria ensinar a seu povo coisas produtivas, coisas que os fizessem progredir.  O futuro do país e de Tutoia está nas mãos das crianças e adolescentes que crescem aqui todos os dias, e se continuarem a crescer sem aprender o que devem, esse futuro estará nas mãos de adultos despreparados novamente.  

sexta-feira, 17 de junho de 2011

O Homem da Cobra



O homem da cobra
Certa vez, estava eu caminhando por uma praça em uma cidade do Piauí e quando passava exatamente pelo meio da praça, percebi uma concentração de gente que só aumentava. Esta muvuca se explicava por existir um senhor localizado no centro do povo prometendo que de dentro de sua mala, ali do lado encostada, sairia uma cobra adestrada. Quanto mais o homem falava na cobra, mais pessoas, curiosas chegavam. Entre um intervalo e outro das propagandas do aparecimento da cobra, o homem oferecia outro produto, um líquido em um vidrinho. Líquido esse que prometia curar qualquer dor. E, sabendo que a multidão estava apreensiva para ver a cobra, o homem a todo o momento lembrava que de dentro de sua mala sairia uma cobra treinada.
Mas enquanto a cobra não aparecia, muitos vidrinhos de remédios eram vendidos.
E assim ficava até o final do dia:
- O homem prometia mostrar a cobra, mas não mostrava.
- As pessoas, cada vez mais, chegavam para ver essa cobra tão     prometida.
- O homem da cobra aproveitava a multidão para vender seu remédio milagroso.
O homem da cobra, conhecido assim por todos, muito astuto, enganava muitos, mas de uma forma aparentemente não intencional. E vendendo assim seus vidrinhos, o homem ganhava o que realmente o interessava, o dinheiro do povo.
É interessante atentar para os homens da cobra presentes aqui em minha cidade, Tutoia. Basta ter uma visão mais apurada para perceber que os donos de cobras adestradas aparecem aos montes, assim, como se fossem sazonais, em dois e dois anos. E igualmente pontual, logo após as promessas e muita conversa, o que se vê mesmo é a venda de infinitos vidrinhos. Por alguns homens são vendidos poucos, nem dá para lucrar, mas por outros são tantos vidros vendidos que em certos momentos se vendem até remédios milagrosos de outros vendeões.
O homem da cobra, mais astuto, marqueteia agora utilizando a mídia, como: TVs, Rádios, Internet, carros de sons... Essa é a evolução da tecnologia a serviço desse “novo-velho” comércio social.   
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